O problema do «capital». E uma prioridade: empresas.





Hoje vou falar das empresas. Um dos elementos-chave da nossa economia e que devia moldar as prioridades de um país e dos seus governos. Como sempre, acordámos tarde. Passámos décadas sem olhar verdadeiramente para o tecido empresarial do país e só quando realmente batemos no fundo, percebemos que o esqueleto principal da economia estava frágil. Sempre foi um dos maiores problemas da economia. Falo, pois claro, do crescimento económico, cujo desempenho bloqueou desafios e almofadas maiores. Sem investimento nas empresas não há economia sólida. Sem apoio às pequenas e médias empresas, não há emprego, essa tão gigante bandeira apregoada da esquerda à direita. Difícil mesmo é passar das palavras aos atos e o grande capital, como à esquerda se costuma chamar, é um crime, uma alergia a combater. Sem capital, meus caros, as tradicionais empresas portuguesas não crescem, não investem e, por consequência, não contratam. Foi por isso com bastante agrado que vi a preocupação do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, anunciar recentemente um vasto conjunto de apoios às empresas, pequenas, médias mas essencialmente com o foco nas que têm vocação exportadora. Ao todo, estamos a falar de um investimento de 1500 milhões de euros. Esta, é pois, uma ajuda fundamental para o tecido empresarial português. Deixámos morrer a nossa indústria, nuns casos por falência e ausência de apoios, noutros por impossibilidade de recuperar empresas há muito endividadas e sem quaisquer capacidade de recuperação. Só com empresas competitivas podemos criar forças de ação, não só nos resultados como na contratação. Se fizermos este caminho, é fácil atrair investidores estrangeiros, que se fixem no país, que criem emprego e mais-valia económica. É por isso que as empresas são, na minha opinião, uma das prioridades atuais. Temos de produzir mais do que consumimos. Temos de investir nos recursos humanos e na competividade empresarial. Só assim, teremos capacidade de criar uma economia robusta, socialmente justa e com alicerces capazes de resistir a momentos tempestuosos à escala global. Porque investir nas empresas, ao contrário do que muitos pensam, é investir nas pessoas, é apostar no emprego, é simplesmente, ganhar calo competitivo não só no mercado interno como além-fronteiras. O ministro da Economia sabe-o. E é por isso que se revela cada vez mais como uma das escolhas mais acertadas de António Costa.

*Crónica de 15 de fevereiro na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.

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