Entre o silêncio de Cavaco e a redundância de Marcelo, venha o Diabo e escolha.




Foi numa comunicação ao país, esta segunda-feira, que o Presidente da República anunciou a promulgação do Orçamento de Estado (OE) para 2016. Mais do que o conteúdo – já lá vamos – foi a forma que a mim me surpreendeu. O Presidente Marcelo ainda não é o Presidente Marcelo. Para mim, continua a ser o Professor. E tinha aqui, nesta comunicação particular, a oportunidade de provar a si mesmo (e ao país) que chegou o momento de exercer o cargo da forma institucionalista que, muitas vezes, é necessária. Foi o Marcelo professoral e comentador que falou. Do Presidente nem sinal. E se na forma isso ficou bem patente, no conteúdo o panorama não melhorou. Depois de ver o discurso cheguei rapidamente à conclusão que o Presidente não disse nada. Informou os portugueses que promulgava o OE e acrescentou que havia riscos. Mas, quais riscos? Era isso que todos nós queríamos saber. Dizer que é preciso rigor na execução orçamental também não chega porque isso todos nós – Governo inclusive – também já o sabemos. O Presidente Marcelo continua a insistir na veia popular, de um modo de estar e ser, muito natural e que o caracteriza. E concordamos com ela: com peso e medida e em circunstâncias muito próprias. É certo que ainda passou muito pouco tempo, que Marcelo ainda nem a cadeira aqueceu. Tem do seu lado a boa imprensa, a simpatia do povo, mas isso, insisto, não chega. Precisamos de um Presidente assertivo porque a continuar assim corremos o risco de ter algo parecido com o legado anterior. Entre um Cavaco em silêncio e um Marcelo redundante a diferença não é muita, para não dizer nenhuma. Também sabemos que Marcelo quer deixar o Governo respirar, e faz bem, em nome da estabilidade política que tanto precisamos. Mas o Presidente não é eleito para agradar a Governos e muito menos para ser parceiro de Executivos. Veremos qual o caminho que Marcelo decide fazer.



P.S. – Esta semana ficamos igualmente a saber que de Belém vem uma novidade: uma espécie de Roteiro “Portugal Próximo”, para dar visibilidade ao Interior do país e voz aos que estão longe dos centros de decisão. Uma boa iniciativa presidencial que esperamos ser de inovação, e bem diferentes das provocatórias Presidências Abertas de Soares e dos cinzentos Roteiros de Cavaco.

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