Não desistamos (nunca) de ser livres.
Há dois anos, a propósito das celebrações do
25 de abril, o general Garcia dos Santos, dizia, e passo a citar: «nós hoje
estamos a viver uma situação que leva muitos de nós a pensar como é que vai ser
o futuro. Ou seja, eu acho que os nossos atuais políticos são uns garotos, que
nunca fizeram nada na vida, que não têm experiência de nada e que nos estão a
levar para um buraco, que não sei como vamos sair dele». Estamos em 2016 e a
frase permanece mais atual que nunca. Apesar de termos um novo Governo, basta
olhar escrupulosamente para a composição do Governo de António Costa para se
perceber que a política de boys e girls está aí e mais viva que nunca. Quando naquela
madrugada de 25 de Abril de 1974, Portugal se despedia do regime ditatorial que
governou o país durante 40 anos, eu ainda não tinha nascido. Só viria a ver a
luz do dia, em terras do Interior esquecido, nos primórdios da década de 80. Recordo o facto porque
ele torna-se cada vez mais importante para eu perceber de onde venho e para onde
vou. 42 anos de liberdade que parecem ter feito muitos esquecerem que ela está
ainda por cumprir em inúmeras dimensões da nossa vida. Vivo num tempo em que
sermos livres no pensamento não é assim tão fácil. Um bom exemplo disso são as
redes sociais, onde se alimentam ódios e guerrilhas só porque uns pensam de
maneira diferente de outros. Vivo num tempo em que votar é sinónimo de
liberdade mas o povo prescinde disso a cada eleição que passa. Vivo num tempo em o
mundo do trabalho há muito perdeu liberdade de direitos e de causas. Pertenço a
uma Europa que está cada vez mais longe de ser justa com os seus Estados a quem
prometeu solidariedade e liberdade. Faço parte de uma
Existência onde nunca a liberdade foi tão roubada como agora. E tanto que ela
custou a ser conquistada. É por isso que neste
dia em que se comemora abril, quero gritar ao mundo que sem ela, a liberdade da
nossa Existência, jamais seremos gente capaz de consolidar um país e de dar
esperança às gerações vindouras. Olhemos para o
momento, pensemos em cada ato e em cada marca que molda o nosso pensamento e
convicções. Não desistamos de ser
livres. É o pouco que nos resta num país que ainda demorará a erguer-se de
novo. Bom 25 de abril para
todos.
*Crónica de 25 de abril de 2016 na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
Comentários