«ScorpiANA» até ao fim.
Em novembro de 2014 já eu pensava dizer-lhes «adeus».
Pensava, digo bem. Porque estava, como todos me avisavam à minha volta,
enganada. Quem me conhece, sabe bem a profunda relação que me une a uma banda
que conseguiu cumprir um feito: editar um álbum de celebração de 50 anos de carreira. Meio século é tempo que poucos podem dizer que chegaram lá. E eles
chegaram, ganhando o estatuto de «super banda». Goste-se ou odeie-se. São esses os factos. Comecei a ouvi-los tinha 13 anos. Influências de quem, na Província onde tudo chegava com anos de atraso,
bebia tudo o que podia. Dos mais velhos, pois claro, que era neles que estava o
conhecimento. Começava aí aquela que seria, talvez, a paixão mais avassaladora
da minha vida, ao nível de uma dimensão que não é real e que está acima da minha vida, lá longe.
Nesse tempo
jamais saberia que um dia – vários dias e anos – teria a feliz oportunidade de
os ver em palco. Cheguei ao feito n.º 11 nos últimos dez anos anos. Estive, por
cá, e com eles em quase todos os momentos em que pisaram solo nacional. Desde o
Crato, ao Ermal, passando pelo sui generis jantar/concerto, no Casino Estoril,
pelo momento brilhante acústico no Convento do Beato e tantas idas ao Pavilhão Atlântico.
Olhando para o passado, todos estes momentos estão vivos e recentes em mim. E alimentam-me diariamente, como um balão de oxigénio imprescindível. Num
momento muito peculiar, ali para os lados do Beato, tive a oportunidade única
de poder conversar com Klaus Meine e Matthias Jabbs. Anos mais tarde, e depois
de vários emails de protesto da minha parte por Portugal ficar de fora da rota de tourné,
tive a sorte de ser colocado no mapa. Valeu a pena. É que não tenham a menor dúvida. Faço parte de uma geração que não os tem
como referência e sinto-me quase como uma pena bem leve por ser órfã de geração
nessa matéria. Tudo isto para dizer que, há dois meses a esta parte, moram lá por casa,
uns bilhetes com a data de 28 de junho de 2016. Um dia que será, seguramente, decisivo em toda a influência que eles têm na minha vida. Simboliza o último FIM [sim, corro de novo o risco de me enganar]. Por essa razão, aqui os evoco – mais uma
milésima e cansativa vez. Porque quero. Porque me apetece. E porque eles
balizam a minha vida desde o primeiro dia em que, numa cidade chamada Abrantes, me
chegava à mão o primeiro disco em vinil. E potenciaram amizades que duram até hoje. E, melhor ainda, fizeram com que ainda hoje arraste atrás de mim, para essas arenas país fora, um círculo muito restrito que faz parte da minha vida pessoal. É também a vocês - em especial a ti, Ricardo - que dedico este texto. A vossa paciência tem sido fora de série. E eu sei que não é nada fácil. :-)
Comentários