Junho é festa. De norte a sul. O problema é o que vem depois.
Esta
semana entramos no mês mais «quente» do ano. De todos os anos. Apesar de as
temperaturas andarem longe de outros anos, fruto, sabemos todos, das alterações
climáticas que por aí andam, o mês que entra esta semana traz aquilo a que eu
sempre chamei de injeção de adormecimento. Pródigo
nas tradicionais festas populares, junho é sempre uma festa para Lisboa com o
Santo António, e para o Porto com o São João. Juntemos
a isso feriados de calendário, e o povo segue contente num país que anda cada
vez mais paralisado. Este
é o retrato que se repete todos os anos em Portugal.Com ou sem Troika. Com ou
sem crise. Com ou sem dinheiro no bolso. O Governo é outro, o Presidente também,
maso quadro macroeconómico continua em queda livre. Depois de uma mudança de políticas, onde a esquerda mostra a pele
que há na forma, e em que o Estado volta a suportarcustos a
mais, a verdade é que a evolução da economia está, como
se previa, a desmentir irremediavelmente as previsões para 2016. Continuamos
a ter indicadores negros: o crescimento está aquém do esperado, investimento
não há, as exportações desaceleram e a imagem de confiança para atrair
investidores é débil. E
na economia, meus caros ouvintes, por mais que façamos, não há milagres. Nunca
foi nem é uma questão de fé, como o Governo de António Costa, à semelhança de todos
os anteriores, parecem fazer crer. O
que virá por aí não será bom, e leva-nos de novo a um ciclo vicioso de medidas
cujo principais destinatários somos nós, contribuintes pagadores de dívidas que
não fizemos. Seja
como for, depois de junho chegam as férias para milhares de portugueses, vai-se
tapando o sol com a peneira para «inglês ver» e depois, lá para setembro, há-de
chegar notícias do andamento da caravela, que é como quem diz, do défice e das
contas públicas. Até
lá, haja festa, e rija, de preferência.
*Crónica de 30 de maio de 2016 na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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