Legado geracional: o que estamos a criar?
Todos os especialistas, todos os Governos, a sociedade civil
em geral. Todos, sem exceção, ao longo de todos os tempos, sempre foram
unânimes quanto a um objetivo do País: apostar na Educação e na formação dos
nossos jovens.
Jovens hoje, homens e mulheres amanhã.
Serve isto para falar da juventude dos dias de hoje. Vivemos
a Era Moderna da tecnologia, da indústria 4.0, das redes sociais e da "internetização" da coisa, permitam-me a expressão.
A escola sempre foi e continua a ser um elemento estrutural
da vida de todos nós. É lá que complementamos o futuro, que nos construímos
como profissionais, mas também como seres humanos. Cada geração é única,
moldada, claro está, pelos processos de mudança e evolução da própria
Humanidade.
As atuais gerações mais jovens vivem o seu tempo adolescente
à medida do sonho em que nasceram. As redes sociais, os smartphones, a ditadura
do consumismo, moldado por vidas urbanas, onde os pais já eles próprios se
transformaram em dependentes do Facebook ou do Twitter, são hoje a realidade
das gerações mas novas.
Porém, os seus comportamentos são igualmente fruto de tudo
isto, da casa à escola, os nossos jovens são, muitas vezes, resultado desta
nova dimensão de vida nas cidades, onde predomina tudo e, ao mesmo tempo, nada.
Por tudo isto, é impossível aceitar e compreender a razão do
vandalismo provocado por centenas de estudantes portugueses este fim de semana num
hotel em Espanha, nas tradicionais férias da Páscoa e nas suas tão conhecidas
viagens de finalistas.
O jornal espanhol El País descreveu de forma vergonha os
atos: destruição de azulejos, colchões atirados pelas janelas, esvaziamento de
extintores nos corredores e uma televisão dentro de uma banheira.
O total dos danos ascenderá a milhares de euros, segundo a
polícia local.
Os estudantes portugueses, que estragaram, pelas próprias
mãos, a viagem tão querida, regressaram a Portugal, após terem sido
vergonhosamente expulsos.
Que os seus pais pensem nos filhos que estão a criar, pois
são estes os homens e mulheres a quem vamos deixar a herança. E isto, doa a
quem doer, não é de um povo civilizado, é típico selva sem rei nem roque.
Para lá dessa dimensão, devemos também, todos, enquanto
sociedade, refletir sobre o assunto.
*Crónica de 10 de abril na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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