100 anos de Fátima. A Humanidade em busca da Fé
O Papa Francisco aterra esta semana em Fátima. É a sua
primeira visita a Portugal, desde que é Sumo Pontífice, e acontece no ano em
que se celebram os 100 anos das aparições.
Fátima tem um duplo efeito em Portugal. Primeiro, é um
evidente fenómeno de massas, aceite e respeitado pelo país, católico ou não
católico, sendo reconhecido, por todos, como um culto que adquiriu um lugar na
História do País e da Igreja Católica.
Esta semana quero falar de Fátima porque 100 anos são
um momento importante e que revelam, entre inúmeras coisas, resistência, fé,
persistência e esperança, sobretudo para os que acreditam na mensagem saída dos
acontecimentos relatados pelos três pastorinhos entre maio e outubro de 1917.
Além da força nacional, Fátima adquiriu também um peso
enorme a nível mundial, sendo palco de um verdadeiro caminho de Fé.
Muito se podia dizer sobre estes 100 anos, sobre os
caminhos tortuosos que o santuário e os seus peregrinos fizeram até hoje. Desde
as convulsões políticas que têm de ser vistas à luz de todo o século XX mas
também de todos os momentos sociais mais dramáticos, como foi por exemplo a
transição para o desenvolvimento que se registou com o 25 de abril de 1974.
Tudo isto e muito mais moldou o lugar, até há 100 anos
desconhecido do mundo e também de parte do país.
A Igreja Católica, que ajudou a tornar o fenómeno mais
carregado de simbolismo religioso, que trouxe depois uma economia local
totalmente enraizada e criticada por tantos, fez também parte do crescimento de
Fátima.
Eu, católica não praticante, que acredito em Fátima,
sou cética em relação ao que terá realmente acontecido. Sei apenas que
aconteceu algo, sem saber muito bem o quê. Contudo, Francisco, Jacinta e Lúcia
deixaram-me essa Fé, esse dogma, essa constante forma de questionar
permanentemente tudo: a guerra, a violência e os males do Mundo trazidos pela mão do Homem.
A canonização de Jacinta e Francisco, que acontece esta
semana, é pois mais um passo para consolidar aquela que eu considero a mensagem
mais importante de Fátima: a constante busca pela paz, pela fraternidade, pelo
perdão constante da nossa condição humana enquanto seres errantes.
Por isso, enquanto católica, aguardo com ansiedade a
visita de Francisco, porque o Papa, um homem humilde mas ao mesmo tempo pecador,
é o expoente máximo da mensagem da Cova da Iria. A Fé que tudo abraça fará o
resto. Cada católico fará depois com ela o que bem entender.
O maior desafio? Continuar em busca de respostas sobre
o que realmente ali aconteceu, independentemente das nossas crenças pessoais e das nossas
convicções mais profundas.
Crónica de 8 de maio, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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