Tancos: um caso que noutra democracia teria outras consequências

Todos nos lembramos do caso de Tancos e do material de guerra desaparecido em junho passado. Como é hábito em Portugal, a imprensa explorou o assunto até ao tutano.



Pelo meio polémicas atrás de polémicas, manchetes dias a fio e especulações que não passaram disso mesmo.

Há poucos dias o ministro da Defesa, para adensar as suspeitas sobre o caso, vem dizer que não sabe o que aconteceu e que, no limite, pode não ter havido furto nenhum.

Dos factos, que são poucos, há um que parece ser evidente e claro. É que as portas do paiol onde estava o material furtado em Tancos foram abertas com um equipamento que não se vende em Portugal, mas em Espanha.

E é precisamente por isso que agora se sabe que as autoridades portuguesas terão pedido ajuda a Espanha para resolver o caso.

A investigação pede ajuda às autoridades para tentar localizar a loja onde os assaltantes terão comprado o material, bem como analisar o sistema de portagens e vigilâncias nas auto-estradas para tentar descobrir se algum veículo suspeito esteve a circular em Espanha.

Só num país de terceiro mundo é que passados três meses um caso como este ainda está por esclarecer. Pelo meio houve palavras ocas de Marcelo Rebelo de Sousa a tentar intervir no assunto com o objetivo de acelerar a resolução do caso.

Pelos vistos nem Governo nem chefias militares lhe deram importância porque se mantiveram impávidos e serenos, escondidos atrás da investigação que deve trilhar o seu caminho.

É grave, muito grave, que em qualquer país civilizado e democrático aconteça uma falha grave de segurança em instituições militares, regidas como sabemos por elevados padrões de atuação e de códigos de ética.

O ministro da Defesa, rosto maior da tutela militar, não esteve nem está à altura de lidar com o caso. Por essa razão, o primeiro-ministro, já devia tê-lo obrigado a fazer mais.

Ninguém pede a cabeça do ministro, pedimos apenas, enquanto cidadãos, que sejamos esclarecidos sobre o que realmente aconteceu.

*Crónica de 18 de setembro, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR

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