Autárquicas 2007: a noite que criou reviravoltas históricas
Foto: João Relvas/Lusa |
Tudo já foi dito na noite
passada. Falar hoje das autárquicas deste domingo é quase como um exercício
impossível e redundante. O PS alcança, a nível nacional, a sua maior vitória
autárquica.
Porém, há de facto um grande estrondo no centro-direita português. Pelas melhores e piores razões.
Porém, há de facto um grande estrondo no centro-direita português. Pelas melhores e piores razões.
Começando por Lisboa e Porto,
as principais câmaras do país. O elo comum? Já nem se trata de derrota pesada,
mas sim de um histórico resultado pela negativa do PSD.
Um dos maiores partidos
portugueses leva uma tareira inédita num dos grandes baluartes das suas lutas.
Em Lisboa de forma dramática,
mas não surpreendente, com Teresa Leal Coelho a ficar em cacos.
Resta saber o que fará Pedro
Passos Coelho. Esta terça-feira está marcado um Conselho Nacional para analisar
os resultados. Começa a ser difícil de acreditar que o atual líder social-democrata
terá condições para continuar. Muitos já lhe abriram a porta. É melhor que
saia, a bem do partido e da história que ele encerra.
Assunção Cristas obtém um
resultado esmagador para um partido como o CDS. A líder centrista fez esquecer
Paulo Portas não só na liderança do partido como na corrida a Lisboa.
Dificilmente, com este
resultado, Assunção abdicará do seu lugar na Câmara de Lisboa. O preço a pagar?
O lugar vazio na Assembleia da República e na oposição ao primeiro-ministro.
Mas isso, agora, é tudo menos importante, porque estas serão, sem margem para
dúvidas, das eleições mais importantes para um partido que já esteve à beira de
desaparecer.
A norte, no Porto, a
arrogância crescente de Rui Moreira nos últimos meses, não lhe custou a cadeira
do poder. Pelo contrário, os portuenses deram-lhe não só nova oportunidade como
lhe reforçaram a confiança. Pese embora a sua inata capacidade de fazer
inimigos, Rui Moreira deve a si próprio este resultado inequívoco.
Outro choque que o país, pelo
menos das redes sociais demonstrou, chama-se Isaltino Morais. O autarca que
saiu pela porta pequena da política para entrar na cadeia ousou regressar onde
é mais feliz: à arena do concelho de Oeiras.
Em boa hora o fez: o povo
deu-lhe uma vitória clara. E, apesar de muitos continuarem a condenar Isaltino,
a verdade é que a democracia é isto. Uma escolha livre.
A CDU, a par do PSD, foi
outro dos partidos que teve uma noite amena. Perdeu uma dezena de câmaras que
detinha no Alentejo, entre elas Mora, Castro
Verde, Alandroal e Barrancos - e ainda uma no distrito de Santarém, Constância.
Quer se queira quer não foi uma forte mossa no
poder autárquico comunista. E mostra também que, nalguns municípios, o ataque
cerrado do Bloco de Esquerda surtiu efeito.
Uma nota
final para parabenizar Maria do Céu Albuquerque que renova o seu mandato na
presidência da câmara de Abrantes com uma maioria absoluta inquestionável.
Que os
próximos quatro anos sejam de muito trabalho, pelos abrantinos, pelas suas
vidas e pela sua felicidade. É isso que se espera de um autarca.
*Crónica de 3 de outubro, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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