Rui Rio: salvador “laranja” ou nem tanto
Rui Rio formaliza esta semana a sua candidatura a presidente
do PSD.
Depois de uma semana de folclore mediático em torno de
alegados nomes para avançar, o país ficou a saber que, neste momento, em que é
preciso dar o corpo às balas, poucos são aqueles que estão disponíveis para
tal.
Paulo Rangel e Luís Montenegro, dois quadros do partido, que
faria sentido avançarem, recuaram e dizem-se indisponíveis para apagar o fogo
deixado por Passos Coelho na São Caetano à Lapa.
Olhando para aquilo que pode ser o futuro PSD com Rui Rio, o
cenário pode ser a salvação ou um fosso ainda mais aberto.
É claro que o próximo líder do PSD vai querer reconstruir um
partido rumo às próximas legislativas.
É por mais óbvio que o próximo comandante irá pôr as tropas
na ordem. O que não é, para mim assim tão evidente, é que o próximo líder
laranja consiga devolver ao PSD o eleitorado que perdeu e muito menos a
confiança na palavra política.
A perda de votos que o PSD registou no campeonato autárquico
deste ano resume-me a muito mais do que ao sucesso da maioria de esquerda que
governa o país.
Para o desaire nacional laranja contribuiu decisivamente o
cartão vermelho da classe média portuguesa que tradicionalmente vota PSD.
Classe média essa fortemente dilacerada nos tempos da Troika
e quando o país era liderado por Pedro Passos Coelho.
A dura batalha do próximo líder dos sociais democratas é essa, mas passa também por recuperar, pelo menos, parte da essência laranja, daquele discurso onde o Estado social sempre entrou e agora parece ter-se esfumado.
A dura batalha do próximo líder dos sociais democratas é essa, mas passa também por recuperar, pelo menos, parte da essência laranja, daquele discurso onde o Estado social sempre entrou e agora parece ter-se esfumado.
Não sei se, nos atuais tempos, se Rui Rio personifica a personagem certa para reconstruir o partido, sendo certo que não poderá ignorar os anos de governação de Passos Coelho, a Troika e tudo aquilo a que hoje a esquerda cola à direita.
Seja como for, o PSD tem dois anos para recuperar de um resultado que, sendo histórico e negro, é também um aviso de que quem descola da sua identidade, dos valores do Estado social e se afasta dos portugueses, morre.
*Crónica de 9 de outubro de 2017, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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