A obrigação moral de um país
Foto: Nuno André Ferreira | Lusa |
Depois
das tragédias a tendência atual das sociedades, que tendem a seguir a ordem
imposta pelos mass média, é só uma: caírem no esquecimento.
Pese
embora o verão de 2017 seja difícil de esquecer para os portugueses, não
podemos deixar de alertar o Estado e a sociedade para uma obrigação
constitucional, legal mas acima de tudo moral.
Falo
da ajuda psicológica que familiares e amigos das vítimas dos incêndios necessitam.
As
denúncias que psicólogos e agentes que estão no terreno têm feito são muitas e
passam sobretudo pela escassez de especialistas em situação de trauma no apoio
às pessoas afetadas pelos incêndios.
Diz
quem sabe que o período imediatamente após a perda, e que se prolonga por muito
tempo, designa-se de “trauma agudo”. Se as pessoas não forem acompanhadas pode
evoluir para o chamado trauma crónico. Seis meses bastam para que o trauma se
perpetue ainda de forma mais drástica.
É
preciso apoio a longo prazo. É essencial que estas pessoas não sejam
abandonadas, porque sozinhas já elas estão. É preciso que o Estado, com o
Ministério da Saúde à cabeça, garanta no terreno, equipas profissionais em
número suficiente que prestem apoio permanente.
Se
não soubemos evitar esta tragédia, que agora pelo menos não falhemos enquanto
sociedade.
Isto exige uma contratação efetiva de
profissionais ao nível do Serviço Nacional de Saúde. E não pode, de todo, haver
argumentos de constrangimentos financeiros que justifiquem esta falha.
O Estado e o país já falharam demasiado ante
os portugueses para agora continuarem a ser incompetentes ante a desgraça dos
que ficam.
Crónica de 6 de novembro, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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