Eutanásia: uma questão de consciência que devia estar nas mãos dos portugueses
Hoje quero falar da Eutanásia, um tema eternamente
fraturante na sociedade portuguesa e também na classe política, que esta terça
feira, na Assembleia da República, se irá pronunciar sobre a despenalização em
situações especiais.
Por mais que comentadores, políticos, partidos e tantos
outros atores façam uma campanha miserável pelo “sim” ou pelo “não”, a verdade
é que a eutanásia não pertence a ninguém, a nenhuma verdade total, a nenhum
partido, ou a quaisquer ideologias.
Prova disso é a grande dúvida que ela suscita ante o povo
europeu.
Na Europa, o tema continua a ser fraturante e apenas Holanda, Bélgica,
Luxemburgo e Suíça autorizaram atualmente esta prática.
Amanhã (hoje) o Parlamento vai então discutir quatro propostas e
uma votação completamente em aberto.
Partido Socialista, Bloco de Esquerda, Os Verdes e o PAN
apresentaram projetos para a regulação da morte medicamente assistida em
situações que sofrimento, doença incurável e em que as pessoas sejam maiores de
idade e não tenham problemas mentais.
Aconteça o que acontecer esta terça-feira, discordo
totalmente de quaisquer decisões no Parlamento.
Enquanto cidadã defendo, tal como no aborto, um referendo
nacional, onde todos e cada um se possam pronunciar sobre o assunto.
A eutanásia não é, na minha opinião, um assunto fique refém
apenas do poder político. É uma ação de consciência, de intenção, de vontade,
de emoções até, cuja decisão deverá apenas e só estar nas mãos de cada um de
nós.
Por isso, a demagogia e o afrontamento que lavra por cá nas
últimas semanas, é uma ofensa tenebrosa a cada um de nós, e, sobretudo perante
aqueles que, legitimamente, a pedem.
A liberdade, valor maior de um país, devia, por si só,
chegar para conceder a cada cidadão o direito às suas escolhas. Sejam elas a
vida, sejam elas a morte.
Que Portugal, seja amanhã ou no futuro, saiba,
essencialmente respeitar-se dignamente. Ninguém é dono de nenhuma consciência.
E aqueles que tentam apropriar-se das escolhas e pensamento livre dos outros
são, tristemente, almas perdidas, sem a menor noção da liberdade individual de
cada um.
*Crónica de 28 de maio de 2018, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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