Maio de 68: faltam mais mobilizações de massas como esta
Vietname, Primavera de
Praga ou Revolução Cultural chinesa.
São apenas três símbolos de
um acontecimento histórico que, há 50 anos, havia de mudar o mundo para sempre.
Falo, claro está, do Maio
de 68, efeméride que não podia deixar terminar este mês sem, neste espaço falar
dele.
Foi um ano de esperança mas
também de muita tormenta, sendo que anunciou à Humanidade um dos mais
importantes movimentos do século XX.
Tudo havia de se iniciar em
França, com os tumultos dos estudantes em Paris, num movimento libertador anti-fascista
e que havia de desafiar, naquele ímpeto da Guerra Fria, o imperialismo em todas
as suas formas mais negras.
Além disso, a Europa
uniu-se pela libertação sexual, com uma ode à moral, desafiando o velho
continente a mudar de rumo.
O maio francês influenciou
depois os estudantes e trabalhadores de países como os Estados Unidos, México,
Japão, Brasil, Checoslováquia e China.
O Maio de 68 foi, desta
forma, e sem a menor dúvida, a primeira grande mobilização revolucionária de
massas na Europa Ocidental depois da Segunda Guerra Mundial.
A pergunta que se coloca
hoje, 50 anos depois é só uma: maio de 68, revolução ou ilusão?
Onde ficou o imaginário subversivo,
pleno de criatividade e de fantasia, libertador na sua essência, que aqueles
homens e mulheres gritaram ao mundo?
Eu confesso que não tenho
resposta. Sei apenas que não foi um Maio qualquer e que, de alguma forma, ele
moldou os regimes democráticos por toda a Europa.
E pese embora continuemos a
viver numa Europa cinzenta, com o capitalismo dominante a tremer mas não a
ceder, certo é que em termos culturais e morais, as sociedades romperam com o
passado.
E só por isso, o Maio de 68
valeu a pena em toda a sua dimensão.
Esta crónica é dedicada a
todos os que fizeram aquele maravilhoso ano e que não desistiram de expurgar os
males da sociedade criados pelo próprio Homem.
Talvez por cá ainda
precisemos de muitos maios de 68.
*Crónica de 14 de maio, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.
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