Uma imprensa descredibilizada descamba numa imprensa inoperante



Esta semana todos os caminhos do jornalismo vão dar ao Estoril, naquele que é considerado um dos congressos mais importantes a nível mundial dedicado à profissão.

O evento, que ocorre pela primeira vez em Portugal, irá ter lugar entre 6 e 8 de junho, e quero hoje aqui falar nele pela importância que tem, não só para a classe, como também para o país.

A confiança de uma sociedade nos órgãos de comunicação social é essencial para um país poder acreditar na verdade, na liberdade e na justiça.

Essa confiança tem vindo a ser abalada na última década fruto de várias causas: desde o crescimento da internet, passando pela crise da imprensa e acabando nas várias tentativas de manipulação do jornalismo.

As receitas da publicidade baseadas na relação com o leitor estão a reformular os fundamentos da indústria da Imprensa, cada vez mais focada nas audiências, e é, de facto, vital repensar em novas formas de colaboração, sendo igualmente necessária a aposta no jornalismo de qualidade e de proximidade.

Se queremos recuperar os leitores, os ouvintes e os telespectadores temos, de facto, de repensar, as causas dos primórdios da classe.

Um país sem uma imprensa livre não pode ter esperança no escrutínio sobre os seus líderes, os sistemas e toda a forma de exercício de poder público.

A liberdade dos jornalistas portugueses está hoje mais condicionada do que nunca. É certo que este é um problema da classe, mas é também um problema da sociedade e de todos os portugueses.

É por isso que espero que a maior parte dos participantes neste encontro, donos de órgãos de comunicação de todo o mundo, saiba encontrar caminhos necessários e urgentes.

Portugal tem também de fazer o seu papel, porque uma imprensa descredibilizada descamba numa imprensa inoperante.

Que saibamos todos, juntos se possível, ajudar o país a perceber melhor os seus profissionais mas também a compreendê-los naquela que é a sua condição mais basilar: a de crivo e escrutínio públicos.

*Crónica de 4 de junho, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR

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