683 euros brutos. O salário digno que o Estado oferece.



Abriram na semana passada concursos para admissão de funcionários para os quadros da Segurança Social.

Este tipo de concursos para as esferas administrativas do Estado são habituais.

O que me continua a chocar é, apenas e só, os valores salariais correspondentes a estes postos de trabalho.

Há salários de 683 euros brutos. Isto é apenas e só indigno para um Estado que apregoa, pelos líderes do regime, mais emprego, melhores salários, um salário mínimo mais digno.

Pior que isso. O mesmo Estado, que se diz apoiante da economia aberta, da defesa constante dos direitos dos trabalhadores, contraria esse discurso dizendo logo ao que vem: os salários baseiam-se numa tabela oficial e, vejam só, não estão sujeitos a negociação.

Um Estado que se contradiz no momento de estender a mão à sua população é um Estado que não pode ser de bem.

A incoerência, bem sabemos, é própria dos partidos e suspeitos do costume. Se há coisa que não mudou neste Centrão que engloba o PS, o PSD e o CDS é apenas e só a forma como exercem o poder.

A juntar a esta forma tão precária de contratar, juntemos o silêncio dos parceiros de esquerda, sempre prontos a disparar em todas as direções quando se trata de negociatas de grande envergadura e, sobre isto, nem uma palavra.

Bem sei que para o PCP são as pensões que mais importa, já que é essa faixa etária que, na hora de votar, marca uma cruz na bandeira da CDU.

E o Bloco, esse partido tão bem-falante, defensor dos precários, dos mais pobres e dos desgraçados da sociedade, faz bem o seu papel, mas apenas e só na teoria.

Cá estaremos à espera que, um dia, o Estado de bem coloque na prática os lindos discursos eleitorais e de circunstância.

Até lá, 683 euros irão decerto ajudar, em muito, aos orçamentos de muitas famílias lá em casa.

Talvez pensem: antes quadros da Segurança Social que na fileira do Centro de Emprego. E como nem poderão, livremente, negociar, serão sempre eles a parte mais fraca de um país que parece não conseguir descolar para níveis dignos de desenvolvimento económico e social.

*Crónica de 20 de agosto na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR

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