Os tiros no pé de Rui Rio





Rui Rio nega. Mas já pouco há a esconder sobre o clima de guerrilha interna que se vive no PSD.

Esperava-se que com ele, este PSD, que saiu em cacos com a queda de Pedro Passos Coelho, pudesse revitalizar, recuperar das feridas que fizeram mossa a toda a linha.

Ideologicamente Rio não reposicionou até agora a família laranja.

Nestes longos meses a liderar o barco o presidente social-democrata fraquejou. E vacilou não uma nem duas, mas várias vezes. Pior do que isso, remeteu-se ao silêncio em momentos cruciais, deixando para os desgraçados parlamentares a árdua tarefa de fazer Oposição, já que Rio não é deputado e não pode combater de igual para igual nos debates no Parlamento com o primeiro-ministro.

Tudo isto levou a um clima insustentável que já ninguém disfarça, muito menos aqueles que, internamente, discordam do rumo que o partido tomou.

Todos lhe conhecemos a disciplina e austeridade com que lidera. Só que o PSD e as legislativas não são a câmara do Porto e esta forma de comandar, às vezes até a fazer lembrar alguns laivos de ditador, estão a corroer o principal partido da Oposição.

Rui Rio está, ironicamente, a cravar mais pregos no caixão. 

Algo impensável quando foi eleito presidente das tropas. Aqueles que acham que é com António Costa que pretende governar, provavelmente, não estão totalmente errados, porque são mais os discursos em que Rio se aproxima de Costa do aqueles em que se afasta.

Aconteça o que acontecer, as eleições estão à porta. 2019 é já ali. E António Costa e a geringonça que o apoia, pode neste momento continuar a dormir descansada.

Só Cristas parece mostrar as fragilidades da governação. Mas a líder do CDS não chega para compor o ramalhete que a direita tanto anseia de novo conquistar.

*Crónica de 17 de setembro, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.

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