A crise no PSD e o "passeio dos alegres" à esquerda
Fez este domingo um ano que Rui Rio foi eleito líder do PSD,
tendo derrotado Pedro Santana Lopes nas diretas do partido.
Mas, a celebração deste primeiro ano à frente do partido,
está a ser tudo menos pacífica, em clima de conspiração interna e a fazer lembrar guerras
partidárias à moda antiga, muito
comuns nas disputas internas sociais-democratas.
O PSD atravessa há muito uma crise identitária. Uma crise
que começou com a governação de Passos Coelho nos tempos do ajustamento
financeiro do país.
Desde então que o partido fundado por Francisco Sá Carneiro
está à deriva. Um ano não chegou para Rio se impor internamente como líder
incontestado. Um ano foi muito “poucochinho” para Rio sedimentar o partido
junto dos portugueses.
Não vimos um rasgo que pudesse devolver aos portugueses uma
alternativa válida à esquerda. Quem conhece o perfil de Rio sabe o que lhe molda
o pensamento económico e que as margens para propor diferente de António Costa
são muito reduzidas.
Pelo caminho houve até formalizações de acordos com o
Governo nas áreas da descentralização e dos fundos comunitários. Setores pouco
estruturais num país que exige mais dos dois principais partidos do regime.
Em ano de eleições o PSD volta à estaca zero na
credibilidade com o seu eleitorado. Luís Montenegro é só mais um episódio que
contribui para o rebentar de uma bolha há muito em contagem decrescente.
Coloca claramente as suas ambições políticas à frente de
tudo. Nas próximas semanas teremos episódios mais mortíferos e com energias
gastas em histórias de faca e alguidar.
Rio não cede, pois quer claramente ir a votos nas
legislativas. Mas antes, em maio, há umas europeias como teste de balas
profundas.
E no estado atual do PSD, a poucos meses de eleições, uma
coisa é certa, com Rio ou Montenegro, o desastre será total. Não há forma de
recuperar um partido nem milagre que seja que possa olear a máquina até lá.
A António Costa basta gerir 2019 com um mínimo de cautela e
a geringonça terá pela frente um passeio dos alegres.
*Crónica de 14 de janeiro, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. Ouça aqui.
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