A outra Cristina do país
Chama-se Cristina Tavares. É uma entre muitas portuguesas, mas não é uma portuguesa qualquer.
A Cristina ficou conhecida mediaticamente
pelas piores razões, mas a luta que tem travado é uma lição e uma esperança
para todas as mulheres que, às vezes por medo, outras por falta de coragem, se
encontram na mesma situação.
Cristina trabalhava na empresa Fernando
Couto Cortiças. Foi despedida em 2017 com o tão famoso argumento da extinção do
posto de trabalho, a razão sempre invocada para as empresas se desfazerem das
pessoas como se de um castelo de cartas em desmoronamento se tratasse.
No ano passado a empresa foi
obrigada a reintegrar Cristina e autuada em 31.000 euros pela Autoridade para
as Condições do Trabalhopor assédio moral à operária. Mas já este ano voltou a
despedi-la alegando justa causa por difamação.
As práticas discriminatórias nos
locais de trabalho são algo ainda comuns em Portugal, sempre com a mulher à
cabeça da maioria das queixas.
De uma vez por todas, é preciso
denunciar e colocar a justiça no lugar certo. O país evoluiu imenso em matéria
de direitos laborais, de competitividade, inovação e de valor. As empresas
sabem hoje, mais do que nunca, que são as pessoas a força motriz das suas
atividades económicas.
A mulher, tal como o homem, deve
ser tratada de igual forma, com o mesmo respeito e valor. E é penoso continuar
a ver que Portugal em matéria de direitos humanos, porque também é disso que se
trata, está ainda a anos-luz dos discursos que os seus responsáveis e
autoridades fazem.
Já nem vamos aos salários que, em
circunstância igual, colocam homens e mulheres em desigualdade crassa.
Estamos em 2019 e era bom que os
empresários deste país parassem para pensar nisto. Levem as vossas empresas ao
nível seguinte, mas levem-nas com dignidade humana. Só assim terão o sucesso
que merecem.
*Crónica de 21 de janeiro, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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