CGD: a impunidade da (má) gestão de décadas do banco público

Paulo Macedo | Foto: Renascença


A Caixa Geral de Depósitos está sob suspeita de práticas danosas no que respeita à gestão das mais variadas administrações que por lá passaram nos últimos anos.

Paulo Macedo, Presidente Executivo da CGD, está indignado com a reputação do banco após terem sido divulgadas notícias que davam conta da concessão de créditos mal fundamentada por parte do banco público.

As notícias são verdadeiras e constam da auditoria à gestão da Caixa, entregue na semana passada no Parlamento.

Além da concessão de créditos mal avaliada, consta do mesmo relatório a atribuição de bónus aos gestores com resultados negativos, a interferência do Estado e aprovação de empréstimos com parecer desfavorável ou condicionado da direção de risco da CGD.

A minha pergunta é apenas e só uma: como pode Paulo Macedo indignar-se com as evidências de uma auditoria que demonstra claramente más práticas em termos de gestão ao longo de anos?

Obviamente que nem todas as pessoas que passaram pela Administração da Caixa foram incompetentes e gananciosas.

Mas outras foram e é isso mesmo que todos temos de saber para que, de futuro, quem chegue aos destinos da CGD ponha a mão na consciência e se lembre que está a gerir apenas e só o banco público do país.

Sem regras claras de gestão de risco não há como ser exemplo em termos de transparência.

E depois da turbulência pela qual passou a banca portuguesa nos últimos anos, é essencial que se aprenda, de uma vez por todas, com os erros.

Gerir um banco não é como gerir a nossa casa. Gerir um banco tem de ser uma missão de vida. E todos os portugueses esperam que não aconteça na Caixa o que aconteceu no BES, no Banif, no BPN e BPP.

A negra auditoria revela também a incapacidade do supervisor para vigiar as más práticas de gestão.

Por isso, de uma vez por todas, deixem de se governar com o dinheiro alheio e com a inocência dos clientes.

Portugal já não aguenta tanto balão de gestão podre a viciar o jogo entre os mais fortes e os mais fracos.

*Crónica desta segunda-feira, 4 de fevereiro, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR

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