Enfermeiros: uma guerra (política e) social
O Governo de António Costa avançou com a requisição civil de
enfermeiros na sequência da greve cirúrgica que tem afetado gravemente os
serviços públicos de Saúde.
A lei que prevê a requisição civil é clara: ela é imposta
quando as circunstâncias se revelam particularmente graves e com
caráterexcecional, de modo a assegurar o regular funcionamento de serviços
essenciais de interesse público, como o da prestação de cuidados hospitalares.
Na verdade, este braço de ferro entre Governo e enfermeiros
coloca à tona um problema antigo da democracia portuguesa: até onde poderá ir o
direito à greve em funções que têm, na sua natureza, a garantia de pressupostos
essenciais ao funcionamento de um Estado de Direito.
A Saúde, a par da Justiça, Defesa e Segurança, é um dos
pilares essenciais que, se for quebrado, coloca em causa um dos elementos desse
Estado: falo da sua população, dos seus cidadãos e da sua segurança.
Por mais que estes profissionais tenham razão nas suas
reivindicações, há limites para colocar em causa a segurança de todos nós.
O que não pode acontecer, e aqui o Governo também tem culpas
no cartório, é deixarem a corda partir. E no caso dos enfermeiros partiu, sem
luz ao fundo de um túnel por si só muito sombrio.
Sejam os governos de esquerda ou de direita, há linhas que
não podem ser ultrapassadas, sob pena de colocar em risco o bem mais precioso
que temos: a vida.
Aos enfermeiros portugueses, um apelo: não abandonem o
diálogo, não desistam de vós, mas jamais entrem num jogo de guerras sociais e
políticas, porque será sempre o lado da vossa corda que quebrará.
Aos líderes
sindicais e à Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, um conselho: tenham vergonha
e não contribuam mais para o desprestígio da classe.
*Crónica de 11 de fevereiro na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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