Europeias 2019: extremismos, apatia e abstenção a acenar



Em maio há eleições europeias. Os portugueses sempre foram um povo desinteressado do que se passa no Parlamento Europeu. E essa realidade continua sem mudar assim tanto.

Em 2014 o país estava ainda em ressaca na sequência da intervenção externa pela qual Portugal passou.

Mas nas eleições de há cinco anos, a amiga cá da casa, a famigerada abstenção, bateu níveis impensáveis, acima dos 60 por cento.

Este ano o panorama promete não ser assim tão diferente. Com um dado novo: até ao momento são 19 as forças políticas que irão aparecer no boletim de voto de 26 de maio.

Além da dispersão do voto há um dado ainda mais preocupante: o aparecimento de várias forças colocadas mais à direita e que vão a jogo. Muitas delas o eleitor, decerto, nunca irá sequer saber que existem. 

O aparecimento de novos partidos com discursos radicalizados podem criar aqui dois problemas: o primeiro incide no risco elevado de atrair uma franja da população descontente e cansada das atuais alternativas. A segunda implicação prende-se com a dispersão do voto, que pode conduzir a um largo e ainda pior resultado no que toca à abstenção.

A União Europeia vive uma das suas piores crises, com a questão do Bréxit e o problema dos refugiados à cabela. E além disso, a sua coesão social, nunca edificada, continua por fazer. Milhões de europeus esperam por ela há décadas.

E temo que ainda não serão estas eleições a aproximar eleitores de eleitos. Até quando iremos todos continuar a dispor de instituições europeias e a não poder usufruir delas? Até quando irá a União Europeia gastar milhões de euros com funcionários, deputados, comissários e a ser uma entidade estéril e sem efeito prático nas nossas vidas?

Temo que por muito tempo ainda. E com os extremismos a acenar, seria bom pensarmos nisto à séria e rapidamente.

*Crónica desta segunda-feira, 25 de fevereiro, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR

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