Jerónimo: a saída difícil que se aproxima
Comunista um dia, comunista para sempre. A frase não a conheço por ser de ninguém, saiu-me agora a propósito da intenção de Jerónimo de Sousa abandonar a liderança do PCP em 2020.
E a frase, essa, cai bem no caso de Jerónimo. Pese embora o PCP dos últimos anos tenha sido moldado pelo atual secretário-geral, a transição é algo que começa a soar nas paredes das salas solitárias onde decorrem as reuniões magnas do Comité Central.
Quem conhece o partido sabe que as suas dinâmicas são muito próprias e bem diferentes de outros partidos portugueses. Seja como for, e se Jerónimo sair mesmo - um facto cada vez mais evidente - o partido e as gerações que se seguem sabem que têm uma travessia para fazer. Não será bem do deserto mas será seguramente com alguns espinhos.
Se há coisa que o PCP mostrou nas últimas décadas é que precisa de um líder sólido, firme e em que toda a família comunista se reveja. É este talvez o principal desafio do partido.
Até lá veremos em que medida as relações com o PS se mantêm intactas. Também o legado de Jerónimo não pode ser deitado fora porque se há elogio a fazer à esquerda é precisamente a forma como, passados tantos anos, conseguiru sarar feridas e estancar diferenças entre si.
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