Abstenção: a eterna vencedora nas europeias

Foto: Omer Messinger/EPA

«Em democracia vencem sempre os democratas». É do discurso de António Costa, da noite deste domingo, que começo este texto, porque é uma frase na qual me revejo como nunca. 

E daqui parto para mais uma triste desilusão. A que nos conduziu a um resultado vergonhoso de 70% de abstenção

Continuamos todos - eleitos e eleitores - a herdar a triste responsabilidade que temos neste ciclo ascendente de afastamento dos cidadãos europeus dos seus representantes.

Todos os votos contam, e todos eles representam as escolhas democráticas dos 28 Estados-membros. 

Mas tanto a velha esquerda como a tradicional centro direita têm de refletir sobre o que afinal está errado na tal «mensagem» europeia que não passa. 

Preocupante é a ascensão da extrema-direita em França e na Itália - países de peso nas estruturas de decisão na Europa. 

É também aqui que todos temos de refletir sobre onde nos queremos posicionar em problemas novos e para os quais não conseguimos, enquanto UE, dar resposta. Falo da questão dos refugiados e do terrorismo que há muito atinge o coração do velho continente. 

Seja como for, há ainda muito caminho para percorrer no caminho da UE enquanto entidade que nos deve unir a todos: a começar pela resposta aos populismos crescentes na Europa. 

A matriz fundadora da UE, que consagra a tolerância, o respeito pelos povos e pelas suas democracias, está longe de ser cumprida na sua totalidade. 

Além disso, a saída do Reino Unido da União terá um impacto, ainda por calcular, no seio das lideranças europeias. Uma dura preocupação que afetará todos os 27.

Há muito que a União atravessa várias crises profundas – desde os problemas da zona euro, à resposta à crise dos refugiados, passando pela consolidação (ainda por fazer) de vários mercados comuns, como a segurança, a energia, o trabalho, o ambiente, etc.

Veremos até onde seguiremos neste barco. Queremos novos rumos, ventos que nos levem a uma sustentabilidade e coesão sociais. Conseguiremos lá chegar? Eu, europeísta confessa, quero continuar a acreditar que sim. 

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