Europeias: para que as queremos?



No próximo domingo há eleições europeias.

Serve esta crónica para demonstrar, mais uma vez, a minha profunda tristeza por uma campanha deplorável e a roçar até o indigno perante todos nós, eleitores.

Perdemos mais uma oportunidade de discutir a União Europeia e os desafios e problemas que a todos nós, povos europeus, une. E somos muitos, cerca de 500 milhões.

Construímos uma União nesta Europa há 62 anos, à época, com o sonho de cumprir um Continente unido, baseado em princípios de solidariedade, paz, justiça, direitos humanos, democracia e igualdade.

Foram essas mesmas balizas que valeram à União o prémio nobel da Paz, em 2012.

É certo que o balanço é positivo, todos os países que a integram registam hoje níveis de desenvolvimento que só foi possível graças ao esforço conjunto de todos.

Contudo, não me recordo de nenhuma campanha em que os verdadeiros problemas de coesão e estruturais tenham vindo a discussão. Hoje temos desafios mais prementes, como a questão dos refugiados ou do terrorismo a uma escala global.

É pois com muita triste que assisti a uma campanha nacional, virada para o país, centrada nas legislativas de outubro, e que incidiu apenas e só em acusações políticas, episódios da governação passada, da Troika que já deixámos lá atrás, e de meros ataques pessoais entre os maiores partidos com assento parlamentar deste país.

Se a União está lá longe, nenhum destes homens e mulheres, fez com que nos aproximássemos ainda mais dela. Se a União é um “bicho papão” que muitos não entendem – entre regras e disciplina política e institucional muito rígidas – não houve, pois, nenhum candidato português que fizesse diferente para que o nível elevado da abstenção destas eleições seja diferente.

Por tudo isto, boa sorte aos que domingo serão eleitos. Que continuem a pavonear-se por Bruxelas e Estrasburgo e que façam diferente daquilo que demonstraram na campanha. Nalguns casos eu sei que farão. E essa é a minha única esperança para a defesa de Portugal na Europa.

*Crónica de 20 de maio de 2019, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR

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