Mação: um concelho em cinzas
Foto: Expresso |
Quando
olhamos para o território que nos pertence, pensamos sempre que, depois de um
Inferno violento, tão depressa outro não virá.
Dois anos depois, o Centro de Portugal volta a ser apanhado por vários incêndios que, empurrados pelo vento, cavalgaram durante todo este fim de semana, entre a Sertã e Mação.
Pelo meio Vila de Rei havia de sentir também o sabor amargo de perder o seu pulmão verde novamente.
Mação, que em 2017, perdeu 80% do seu território florestal, volta mais uma vez a ser um concelho mártir.
As imagens e o desespero do autarca Vasco Estrela são o mesmo espelho de há dois anos.
O seu rosto dizia tudo, sendo um espelho do cansaço e tristeza de voltar a ter o fogo no seu concelho, de novamente passar por tudo, e com os mesmos problemas de sempre.
A ironia do destino dá-se no mesmo mês em que ficamos a saber que a Justiça deu razão ao município numa ação interposta judicialmente contra o Estado para evitar que os 50,6 milhões de euros de Fundo de Solidariedade da União Europeia sejam gastos sem que sejam ressarcidos os prejuízos de Mação, atingido pelos incêndios de 2017.
Este concelho do Ribatejo norte não teve, à semelhança de outros, o mesmo tratamento. Espera-se por isso que a Justiça não falhe já que o Estado falhou em toda a linha.
A famigerada estratégia florestal, que o atual Governo fez questão de colocar em marcha, enfeitada com dezenas de diplomas, é nula e fica muito aquém do esperado. Uma reforma que enfatizou a imposição coerciva e que negligenciou a ajuda essencial aos territórios afetados.
O eucalipto voltou a ser reintroduzido como se nada se tivesse passado. E enquanto os privados eram obrigados a limpar, o Estado, esse, continuou negligente na implementação no terreno de medidas efetivas que possam perdurar nas próximas décadas.
Por fim, pergunto eu: onde pára o cadastro do país, que permite dar um rumo às terras sem dono? Uma eterna irresponsabilidade que, tantos anos depois, continua a ser a bandeira da desgraça de todos os governos.
O verão à séria ainda não chegou. Resta-nos esperar que o clima ajude, ainda que esse mesmo clima, adulterado e que todos nós criámos, esteja a mostrar-se cada vez mais irritado com a Humanidade.
*Crónica desta segunda-feira, 22 de julho, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.
Dois anos depois, o Centro de Portugal volta a ser apanhado por vários incêndios que, empurrados pelo vento, cavalgaram durante todo este fim de semana, entre a Sertã e Mação.
Pelo meio Vila de Rei havia de sentir também o sabor amargo de perder o seu pulmão verde novamente.
Mação, que em 2017, perdeu 80% do seu território florestal, volta mais uma vez a ser um concelho mártir.
As imagens e o desespero do autarca Vasco Estrela são o mesmo espelho de há dois anos.
O seu rosto dizia tudo, sendo um espelho do cansaço e tristeza de voltar a ter o fogo no seu concelho, de novamente passar por tudo, e com os mesmos problemas de sempre.
A ironia do destino dá-se no mesmo mês em que ficamos a saber que a Justiça deu razão ao município numa ação interposta judicialmente contra o Estado para evitar que os 50,6 milhões de euros de Fundo de Solidariedade da União Europeia sejam gastos sem que sejam ressarcidos os prejuízos de Mação, atingido pelos incêndios de 2017.
Este concelho do Ribatejo norte não teve, à semelhança de outros, o mesmo tratamento. Espera-se por isso que a Justiça não falhe já que o Estado falhou em toda a linha.
A famigerada estratégia florestal, que o atual Governo fez questão de colocar em marcha, enfeitada com dezenas de diplomas, é nula e fica muito aquém do esperado. Uma reforma que enfatizou a imposição coerciva e que negligenciou a ajuda essencial aos territórios afetados.
O eucalipto voltou a ser reintroduzido como se nada se tivesse passado. E enquanto os privados eram obrigados a limpar, o Estado, esse, continuou negligente na implementação no terreno de medidas efetivas que possam perdurar nas próximas décadas.
Por fim, pergunto eu: onde pára o cadastro do país, que permite dar um rumo às terras sem dono? Uma eterna irresponsabilidade que, tantos anos depois, continua a ser a bandeira da desgraça de todos os governos.
O verão à séria ainda não chegou. Resta-nos esperar que o clima ajude, ainda que esse mesmo clima, adulterado e que todos nós criámos, esteja a mostrar-se cada vez mais irritado com a Humanidade.
*Crónica desta segunda-feira, 22 de julho, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.
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