Realidades imutáveis: "deve ser de mim"

Foto: Ana Clara

Declaração de interesses: não vivo em Abrantes há 15 anos. 

Nascida e aqui criada, sou aquilo a que se chama uma turista de fim de semana, de circunstância, e em meses intercalados. 

Quando regresso, além de estar com a família e amigos, revisito muitas vezes os lugares, para mim, marcantes e que moldaram a minha vida há muitos anos. 

É uma espécie de revivalismo que busco sempre que posso, onde resgato memórias, estórias e uma felicidade enorme.

Estórias de uma espuma saudosa dos dias passados.

Olhar para a cidade e concelho há 20 anos e percorrê-los hoje é algo completamente diferente. Houve melhorias em muitos sítios sendo hoje a oferta lúdica incomparável. Espaços de lazer não faltam. É um facto.

Contudo, há algo que, tal como há duas décadas, se mantém: a pacatez e a ausência de gente que fervilhe e faça deste lugar um bulício que também, na minha opinião, faz falta a uma cidade. Porque gente traz dinheiro, e dinheiro é o que a economia local precisa.  

Passear por alguns locais ou percorrer ruas e avenidas a um sábado ou a um domingo é exatamente igual como em 1999, por exemplo. Silêncios. Ausência de pessoas. Desertos absolutos. 

É certo que nunca seremos uma cidade de turismo de massas, mas não escondo que nunca entendi este cenário. 

Será uma das suas características imutáveis? Talvez. Eu é que nunca me habituei. Quem sabe um dia venha a entender o fenómeno. Ou então…deve ser de mim.

*Crónica de 8 de julho, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR

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