Diogo Freitas do Amaral: símbolo da História coletiva de um Povo
Foto: Luís Barra/Expresso |
Esta crónica, pensam vocês, estimados ouvintes, podia ser
sobre as eleições deste domingo.
Podia, mas seria apenas mais uma crónica, como tantas outras
que já ouviram nas últimas horas sobre estas legislativas.
Hoje, não quero falar de eleições, mas sim do último pai fundador
da democracia portuguesa, que desapareceu este fim de semana.
É também graças a Freitas do Amaral que todos podemos votar hoje
de forma livre e democrática. E neste derradeiro adeus, preciso de ser justa e
relembrar o quão grata lhe sou enquanto cidadã.
Que o País nunca se esqueça dele. É essa a melhor forma que temos de o recordar nas nossas vidas e da nossa História coletiva
Na sua última autobiografia definiu-se como um «político com
um percurso singular». Da direita ao centro direita, Freitas do Amaral foi
muita coisa, mas nunca abandonou as convicções democráticas e sociais que o
definiram enquanto Homem, enquanto português.
Quis o destino que o seu funeral fosse a 5 de outubro, uma
data marcante para o país, não só a de 1910, mas sobretudo a de 1143, quando
foi assinado o Tratado de Zamora, que abriu rumo à independência do Reino de
Portugal.
O País
não perdeu apenas um irrepreensível catedrático e pensador. Com a partida de
Diogo Freitas do Amaral parte um democrata e um político único, que nos deixa,
a todos, um enorme legado, recheado de ensinamentos ímpares.
Dos
tempos da Faculdade em que lhe conheci o pensamento, até ao CDS onde, enquanto
jornalista, pude descobrir melhor o político. Tentarei que a memória não me
atraiçoe para nunca me esquecer dele. Discordei mais dele do que concordei.
Ainda assim, todas as suas escolhas foram livres, como livre sempre foi o seu
pensamento.
Que o
País nunca se esqueça dele. É essa a melhor forma que temos de o recordar nas
nossas vidas e da nossa História coletiva.
*Crónica de 7 de outubro, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.
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