Legislativas 2019: na reta final de uma campanha vazia
Estamos a menos de uma semana das eleições legislativas.
Falar do tema é só uma espécie de redundância do que os
portugueses têm assistido nas últimas semanas.
Podemos ver o copo a partir de duas perspetivas. Ou cheio ou
simplesmente vazio de coisa nenhuma.
Apesar de estarmos em 2019, na verdade, pouco ou nada os
dirigentes políticos e a comunicação social aprenderam com os erros de outras
campanhas, de caminhos passados percorridos por esse Portugal fora.
O valor da notícia, em tempo de caça ao voto, esfuma-se. Não
há distinção entre o que é importante comunicar nem sobre os reais problemas
das pessoas.
Importante é ligar o microfone e gravar o que os candidatos
lhes apetecem gritar. A substância? Isso não conta para nada.
"Desde os debates até agora não vi uma única ideia estrutural. O que fazer ao problema da Segurança Social, que medidas concretas podemos esperar para a Justiça, um dos setores cruciais que promove a igualdade social e o crescimento económico de um país. E que Educação queremos para a próxima década?"
Com isto, temos o folclore medíocre do costume, com horas a
fio de um espetáculo deprimente que apenas afasta ainda mais quem, dia 6 de
outubro, pretende, de forma séria, ir votar.
Quanto aos candidatos, merecem igualmente uma nota
terrivelmente negativa. Focados nas tricas políticas, nos arrufos de amigos ou
apenas e só na necessidade de atacar os adversários, esquecem o mais
importante: o que propõem às pessoas, o que podemos esperar de verdadeiramente
importante nos próximos 4 anos.
Desde os debates até agora não vi uma única ideia
estrutural. O que fazer ao problema da Segurança Social, que medidas concretas
podemos esperar para a Justiça, um dos setores cruciais que promove a igualdade
social e o crescimento económico de um país. E que Educação queremos para a
próxima década?
Nada. Nem uma proposta séria. O que nos dão? Soundbites
miseráveis de frases ocas apenas e só para marcar posição.
Mas quanto aos ataques pessoais, à guerrilha entre esquerdas
e às farpas entre as esquerdas e a direita, isso, claro está, já é essencial.
Não é de facto de espantar, como sabemos, que os níveis da abstenção andem
pelas conhecidas ruas da amargura.
Domingo lá iremos todos, em carneirada, votar. E,
repetidamente, oferecer o poder a um deles. Ou a mais do que um.
A única esperança que me move é saber que depois de eleitos,
alguns, são muito mais responsáveis do que parecem durante os festins
eleitorais.
Até para a semana.
*Crónica de 30 de setembro na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.
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