Forças de segurança: como escapar aos extremismos políticos?

Foto: Filipe Amorim/Observador 


Não há como dizer isto de outra maneira: Portugal corre o sério risco de ser, em algumas franjas setoriais, influenciado por movimentos e partidos radicais que, de democráticos, pouco ou nada têm.

Os sinais que vimos na semana passada na manifestação das forças de segurança foram elucidativos.

A fragilidade de muitos homens e mulheres que zelam pela nossa segurança está cada vez mais à tona.

A culpa deste estado de coisas é, apenas e só, dos sucessivos governos que menosprezaram e ignoraram problemas sérios e graves que atingem, há décadas, a PSP e a GNR.

Podia começar pelas folhas salariais, miseráveis, para um Estado de direito, que exige segurança máxima mas não contribui em nada para que os salários dos nossos agentes sejam dignos, justos e adequados à profissão que exercem.

Podia igualmente prosseguir, invocando as condições indignas em que muitos destes profissionais trabalham, país fora, seja em esquadras em cacos, seja com carros a cair aos pedaços, seja na forma de uma total ausência de investimento humano.

Podia enumerar tantas e tantas situações chocantes, que todos conhecemos, a cada ano, a cada legislatura, a cada ministro que passa e apenas assiste de cátedra a queixas recorrentes sem nada fazerem para melhorar a condição de uma das funções de Estado mais importantes de um país.

Por tudo isto, o risco de estes profissionais cederem a discursos radicais e pouco democráticos é enorme. O que vimos na passada semana foi isso mesmo: a tentativa de políticos e grupos extremistas se apropriarem das consciências das forças policiais.

É este o rumo que teremos se os Governos e os seus dirigentes não souberem dar às forças de segurança a paz e a segurança que tanto merecem.

Crónica de 25 de novembro, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR

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