Rui Rio: um desastre de comunicação

Há muito que é visível a decadência dos partidos mais à direita. Mas custa a crer que, no caso do PSD, a deriva continue a ser o prato forte de cada dia.

Rui Rio, líder do PSD e candidato à liderança do partido, anda perdido desde as eleições legislativas - momento, aliás, em que, pela primeira vez, mostrou firmes posições - e quando não tem discurso para os jornais televisivos das oito da noite, lembra-se de dizer umas coisas para o ar. Conclusão: dá asneira e da grossa.

Esta semana veio dizer que espera um "reforço fortíssimo" nas autárquicas e que conta eleger "muitos vereadores". Importa-se de repetir? Depois da tragédia que foram as eleições locais em 2013 e 2017 para os sociais-democratas, e com a travessia do deserto que o partido atravessa em todas as frentes, a ambição de Rio para as autarquias é apenas vereadores?

Falamos do maior partido da Oposição. Falamos de um partido que chegou onde chegou porque tinha uma implantação local e municipal de ferro. O objetivo estratégico "laranja" não pode ser menos do que assumir que quer recuperar a liderança no mapa local do país. 

Ter força nas câmaras não pode ser apenas com a eleição de vereadores. Tem, primeiro do que tudo, de ser na liderança. E se Rui Rio está tão desorientado que não o percebe, a decadência partidária vai ser ainda mais estrondosa.

É lamentável assistir a este triste velório que não termina na São Caetano à Lapa. E agora com mais um obstáculo pelo meio: é que o seu parceiro de coligações - pré ou pós-eleitorais - está numa rua da amargura ainda pior. E do Largo do Caldas não virão muletas que ajudem a minimizar a desgraça. 

É bom que Rio pare para pensar na forma (desastrosa) como comunica. O poder da palavra - às vezes sem ele querer - pode destruir ainda mais um calvário que, por si só, já é negro.