Tancos: mas por que razão não pode um primeiro-ministro ser ouvido por um juiz?
Foto: Paulo Cunha/Lusa |
Bem sei que há regras e prerrogativas no âmbito dos poderes
constitucionais mas há coisas que, num Estado de Direito, para mim não fazem
sentido: por que raio um primeiro-ministro não pode ser ouvido presencialmente
no âmbito de um processo judicial?
No caso em apreço – que envolve o ex-ministro da Defesa, Azeredo
Lopes, que é arguido no processo – e em que António Costa será ouvido, por escrito, a 3 de fevereiro, na
qualidade de testemunha, o que distingue o primeiro-ministro, enquanto cidadão,
de um qualquer outro português?
Para mim, não fazem sentido algumas proteções constitucionais. Aliás,
sendo que o testemunho de António Costa será, decerto, para defender e proteger
o seu antigo ministro, não há mal ao mundo em ser ouvido presencialmente. É o velho ditado "quem não deve, não teme".
O que eu acho – mas isso é apenas a minha opinião – é que este
caso cheira mal desde o início e há (muitas) verdades por descobrir. Terá António Costa
medo de deixar sair alguma resposta que comprometa Azeredo Lopes e, em última
instância, a sua posição enquanto primeiro-ministro?
Talvez sim, talvez não. Veremos o teor das respostas
escritas que Costa enviará ao juiz Carlos Alexandre. Porque todos iremos ver, é certo e sabido, já que com alguma imprensa ávida de tanta violação de segredo de justiça, há jornalistas que nos darão a conhecer as respostas escritas.
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