PSD: disputar a liderança sem saber qual o rumo a seguir



A política portuguesa continua a ser uma brincadeira de crianças. Sobretudo quando essas crianças representam o maior partido da Oposição.

Pela primeira vez, no PSD, devido a novas regras, haverá uma segunda volta nas eleições diretas do partido.

Parece uma coisa importante, à moda americana, e a forma como os sociais-democratas lidam com isso, faz pensar que está tudo bem na casa do centro direita portuguesa. O espetáculo circense de sábado à noite nas televisões provou isso mesmo.

Mas vamos ao que interessa, já que eles estão entretidos com festinhas internas e guerras pessoais.

Rui Rio e Luís Montenegro irão disputar a liderança. Pese embora não saibamos quem sairá vencedor, a verdade é que o PSD continua entretido com questões menores, enquanto isso, o Governo e António Costa prosseguem o passeio da governação sem contestação à altura.

Reina no PSD uma deriva sem precedentes, alimentado por uma herança da Troika que colou o partido a um lugar despido de ideologias, de identidade e de orientações estratégicas claras.

As sucessivas derrotas eleitorais dos últimos anos em várias frentes enterraram ainda mais um partido que precisa urgentemente de se reencontrar com o seu eleitorado.

O mais triste é que Rui Rio não conseguiu demonstrar que é capaz, tem sido um perdedor de mão cheia, e o mais grave, é que continua surdo, cego e mudo numa queda vertiginosa que arrasta consigo um capital partidário imenso.

Tudo isto será irreparável se não houver um rasgo e um rumo que alimente a esperança de ressuscitar o centro-direita português.

Para ajudar à desgraça, o CDS está ainda mais no lodo. E para haver festa rija, este mês de janeiro os dois partidos decidiram que é tempo de holofotes virados para as respetivas lideranças.

Tempo de circo que, na minha opinião, não levará a porto algum. Com a sólida força de António Costa ao leme do Governo e do PS, muito dificilmente a Oposição de centro direita mudará de lugar no Parlamento.

Resta saber a dimensão da tragédia.

*Crónica de 13 de janeiro de 2020, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR

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