Uma incógnita chamada Francisco Rodrigues dos Santos



Francisco Rodrigues dos Santos foi eleito este fim de semana líder do CDS.

O novo presidente dos centristas tem 31 anos, é advogado de profissão, era até agora líder da Juventude Centrista e abandonou o Conselho Diretivo do Sporting para se dedicar ao partido.

Era o mais novo dos cinco candidatos à corrida e chega ao topo das estruturas com a mesma idade com que Adelino Amaro da Costa fundou o CDS. É também um assumido admirador de Winston Churchill e Margaret Thatcher.

São-lhe conhecidas as suas posições conservadoras, de direita, e há até quem diga que é ultra-conservador. Ganhou o partido este fim de semana em Aveiro assumindo, de forma clara, ao que vem. 

É pois este o caminho que se segue num CDS que andou à deriva nos últimos dez anos, que governou a mando de uma Troika cega, e que, com isso, perdeu a sua identidade. Assunção Cristas tem parte dessa culpa no cartório. O crescimento da esquerda num tempo de austeridade fez o resto num país que tinha a sua massa eleitoral sedenta de esperança.

Francisco Rodrigues dos Santos é claro no papel a que se candidatou: quer devolver ao CDS a sua matriz identitária, sem medos, apontando para um caminho de direita, num discurso onde domina o liberalismo económico, mas ao mesmo tempo com uma agenda social que chegue às pessoas, muito semelhante à do Bloco de Esquerda, no extremo oposto.

O partido – e o novo líder – sabem que este é um caminho de risco, mas ao mesmo tempo, também sabem que, ao ponto a que chegou o CDS, é o único rumo possível. Porque o desaparecimento dos partidos só chega quando, pelo caminho, houve desvios de percurso, zigue-zagues constantes, e isso fez com que muitos se afastassem de um espectro político que, para o bem e para o mal, existe e sempre foi ocupado pelos centristas.

A inexperiência política pode bem ser o grande entrave do agora novo líder do CDS, mas isso será o grande desafio que Francisco Rodrigues dos Santos tem pela frente. Os mais velhos, da franja do portismo, Nuno Melo, Pedro Mota Soares, Telmo Correia e Nuno Magalhães não quiseram ou talvez não conseguiram, em nenhum momento, manter esse legado sobrevivente.

É também por isso que esta eleição pode representar a viragem de um partido com sangue novo, regeneração de quadros e transição geracional.

Resta saber se chegará para devolver ao CDS a esperança que tanto precisa e descolar dos péssimos resultados dos últimos anos em Portugal.

O primeiro teste chega já nas eleições autárquicas. O tempo ditará se começa aqui a ressurreição democrata-cristã ou princípio do fim. 

*Crónica de 27 de janeiro de 2020 na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR

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