Copenhaga: aqui a felicidade existe


Fotos: Ana Clara

Estive na semana passada, pela primeira vez, em Copenhaga, capital da Dinamarca.

Além da natural diferença cultural entre a Dinamarca e Portugal, foi um choque muito grande aquele que vivi no norte da Europa.

A Dinamarca tem 5,7 milhões de habitantes, em Copenhaga vivem cerca de 600 mil pessoas.

É sabido que todos estes países ocupam os primeiros lugares em rankings de felicidade e bem-estar, são conhecidos pelos elevados índices de desenvolvimento humano, graças ao indiscutível padrão de qualidade de vida dos seus habitantes. Mas uma coisa é saber, outra, completamente diferente, é ver.

E o choque, pela positiva, é enorme. Em Copenhaga tudo foi feito de forma a encaixar, peça a peça, corretamente. Desde o planeamento urbanístico, aos transportes, passando pela harmonização do espaço construído com o ambiente natural.

Aqui domina o princípio do respeito. Em toda a sua dimensão.


O metropolitano da cidade funciona 24 horas por dia. As pessoas deslocam-se acima de tudo de transporte público, numa rede eficaz e que raramente falha.

O resto da vida, bem, isso faz-se de bicicleta. São mais as bicicletas do que as pessoas na cidade, e carros a circular são quase uma raridade.

Na Dinamarca, o minimalismo e o sentido utilitário dos bens reina em todo o lado. Uma visão eficiente – da vida e do país – que faz toda a diferença na hora de fazer escolhas. Luxo é coisa que neste país onde as pessoas vivem bem não existe. O luxo que preferem prende-se com a família, o bem-estar e o simples prazer de uma cerveja com amigos.

Não é à toa que o país é considerado um dos menos corruptos do mundo sendo que os políticos são reconhecidos por prestarem bons serviços à população, com honestidade e seriedade.

Comprovei isso mesmo quando perguntei a uma guia turística o que pensava da classe política dinamarquesa.


A resposta provocou-me uma revolta interior silenciosa. Dizia-me ela que na Dinamarca a máxima política e da Nação é só uma: consensos.

Governo, partidos da oposição, sindicatos e sociedade civil trabalham sempre para consensos, pois só assim é possível trazer progresso e permitir que a sociedade seja feliz e com uma qualidade de vida excecional.

Honestidade e confiança são outras duas bases importantes da cultura dinamarquesa. Ninguém se apropria do que não lhe pertence, o que garante a segurança do cidadão. Vi isto inúmeras vezes enquanto estive em Copenhaga. Um dos exemplos disso mesmo e ainda que pequenino, é que não há barreiras para passes no metro, a linha é toda ela livre, sem barreiras.

Uma coisa é certa: os países do Norte da Europa merecem ser lembrados pelo exemplo que representam, pelo caminho que trilharam sozinhos sem deverem nada do que conquistaram a mais ninguém.

Um dia gostava que Portugal se transformasse nisto. Duvido muito que ainda cá esteja para ver. O Reino em que vivo está demasiado longe de atingir um nível assim de desenvolvimento.

*Crónica desta segunda-feira, 10 de fevereiro, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR. 

Nota: haverá reportagem em breve sobre esta viagem a Copenhaga. 

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