Portugal: um país ambivalente

Foto: Arquivo

28 de março de 2020. Itália passa as 10 mil mortes. Espanha atinge as 5 mil. Portugal chegou às 100 vítimas mortais. O Covid-19 continua a ceifar vítimas em todo o mundo. As economias sufocam. A sociedade, enclausurada em casa, anseia por esperança. 

É, para mim, incompreensível, que, por cá, neste sábado primaveril de final de março, ver portugueses, em massa (passe o exagero), a sair de casa, tentando atravessar a ponte 25 de abril. Não sei para onde vão (ainda que, a avaliar pelas imagens da televisão, não seja difícil descobrir), sei apenas que deveriam estar em casa, em sossego, preocupados com os seus postos de trabalho, com a pandemia que continua lá fora, invisível, como já tantos a chamaram, e tentando fazer a sua parte.

O povo português tem tanto de corajoso - como nos prova a História - como de irresponsável, tantas e tantas vezes. Sei que nos está no sangue - ou não fôssemos um país do sul da Europa - praia, sol, mar, esplanadas e passeios por esse país fora.

Mas é, de facto, impensável que isto possa acontecer, sobretudo, quando está em marcha um decreto que nos impõe a todos uma Emergência Nacional.

Itália e Espanha não nos têm dado boas (más) razões para fazermos a nossa parte? Pelos vistos, muitos neste país, continuam a achar que as imagens dramáticas que nos chegam daqui ao lado, não nos vão tocar a nós. Pois é óbvio que vão. E depende de cada um de nós contribuir para minimizar esta realidade.

Estamos todos em casa para quê, afinal? Estão as nossas empresas, o Estado, o País obrigados a estancar um sistema para quê? Quando a crise social, económica e nacional bater à porta - destes imbecis que hoje tentam apanhar umas ondas e uns banhos de sol na costa de Caparica ou no Algarve - talvez aí seja tarde. Muito tarde! 

A Páscoa 2020 é, ainda antes de o ser, uma miragem. Os salários e os empregos estão por um fio. O estrangulamento económico idem. Até lá há uma crise sanitária e pública para resolver. E só há uma forma de a minimizar: ficando em casa! Com todos os sacrifícios e bolas de paciência/stress que isso exige! Não há outro caminho. E quem achar o contrário está apenas a enganar-se a si mesmo (e a pôr os outros em perigo). 

Comentários

Unknown disse…
Há apenas uma forma de garantir o controlo de massas.Um Estado de Emergência FOFINHO, num país do sul da Europa, para além de não ser solução, pode vir a revelar-se um erro brutal!

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