Carta de amor ao Serviço Nacional de Saúde
Querido Serviço Nacional de Saúde, hoje esta
crónica é para ti.
Durante muitos anos, todos nós, eu incluída, me queixei de ti, das longas esperas por uma consulta, das horas passadas nas urgências à espera que a dor passasse, de alguns profissionais que não me trataram da forma que eu achava ser a melhor.
Pois bem, nos últimos tempos, percebemos todos, uns melhor do que outros, o valor que representas para todos nós. A salvação que encontramos em ti. Vemos hoje coisas que não víamos antes disto tudo chegar. Estávamos, provavelmente, cegos de impaciência.
É certo que muita coisa ainda está longe de se designar por "serviço de excelência". É garantido que muita coisa vai sempre falhar.
Durante muitos anos, todos nós, eu incluída, me queixei de ti, das longas esperas por uma consulta, das horas passadas nas urgências à espera que a dor passasse, de alguns profissionais que não me trataram da forma que eu achava ser a melhor.
Pois bem, nos últimos tempos, percebemos todos, uns melhor do que outros, o valor que representas para todos nós. A salvação que encontramos em ti. Vemos hoje coisas que não víamos antes disto tudo chegar. Estávamos, provavelmente, cegos de impaciência.
É certo que muita coisa ainda está longe de se designar por "serviço de excelência". É garantido que muita coisa vai sempre falhar.
...peço-te desculpa também por todos os cidadãos que, neste inferno de isolamento, não têm tido a clarividência de te perdoar e que, no auge das suas loucuras em confinamento, destilam ódios que não levam a caminho algum. Desculpa-nos a todos. Por tudo isto e muito mais
Porque falhar faz parte de todos nós, seres
humanos, sistemas, organizações, Humanidade.
É por isso que hoje te escrevo esta carta de
amor. Sim, de amor. Porque é de amor que se trata na prova que tens dado a 10
milhões de pessoas por estes dias.
Superas-te a cada dia, moves montanhas com
todos os teus para nos salvar. E isso, meu caro Serviço Nacional de Saúde, não
tem preço.
Mas esta também é uma carta em forma de pedido
de desculpas. Peço-te desculpa por tantas vezes ter sido impaciente, por não
saber entender que os recursos que tens impossibilitam tratares de todos de
igual modo.
Peço-te desculpa por exigir aquilo que eu, e
todos os portugueses, achamos sempre que merecemos quando nos toca a nós a
doença. Peço desculpa por não pensar que outros há sempre pior do que eu, e que
necessitam mais da tua ajuda.
Tudo isto não invalida que te peça para
não nos abandonares naquilo que vai além do Covid-19. Porque se todos nós somos
SNS, também tu deverás continuar a cuidar dos que por estes dias estão mais
abandonados.
Por fim, peço-te desculpa também por todos os
cidadãos que, neste inferno de isolamento, não têm tido a clarividência de te
perdoar e que, no auge das suas loucuras em confinamento, destilam ódios que
não levam a caminho algum. Desculpa-nos a todos. Por tudo isto e muito mais.
Nota: um dia partilharei um(a) história que tive contigo. Um dia, o mundo saberá por que te escrevi esta carta. Um dia. Não agora. Um dia.
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*Crónica de 20 de abril, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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