O ódio, o amor e a liberdade


Hoje quero falar do ódio. O que é? Para que serve? Quem serve? Quais as suas origens? Para onde vai? A quem se destina?
Os ouvintes da Antena Livre devem estar a perguntar-se neste momento, mas que raio de perguntas estas.
Na verdade há muito que penso neste assunto. No ódio inexplicável criado no meio dos Homens, das sociedades e das instituições.
Nos últimos anos, fruto dos avanços tecnológicos que sucederam de forma veloz, assistimos todos à realidade do ódio de forma direta, assumida e a acenar-nos.
As redes sociais são, atualmente, o palco maior do ódio. Tenha ele causas ideológicas, políticas, económicas, culturais ou sociais, é só abrir qualquer conta de uma qualquer rede social e ali está ele, à minha frente, despido de tudo, sem dó nem piedade, a ofender, a atacar, simplesmente a condenar gratuitamente os outros.
No passado fim de semana o país celebrou o 25 de abril e tudo o que ele nos trouxe: acima de tudo esta liberdade impagável de pensarmos, fazermos e sermos o que quisermos.
O que muitos ainda não perceberam é que a liberdade não é ilimitada, nem no tempo nem no espaço, e deve ser travada quando ultrapassamos linhas vermelhas, precisamente aquelas que já não nos pertencem, pertencem sim ao outro, aqui mesmo ao nosso lado.
Não sei por que razão as redes sociais trouxeram à tona milhares de almas mal resolvidas. Não consigo entender por que razão o espaço virtual é, para muitos, sinónimo de pensamentos e atos despidos de tudo, sobretudo, de valores, de respeito pelo próximo, de pluralidade.
Esta crónica é sobre o ódio, mas essencialmente, é sobre liberdade e o respeito que se perdeu com o maravilhoso avanço do mundo tecnológico em que todos vivemos.
Paremos todos para pensar nisto. Eu, há muito que disse "basta" à interação social nas redes. Mas essa, livremente, foi uma escolha minha. Era isso ou respirar. Era isso ou deixar-me intoxicar. Não quero com isto exortar ninguém a fazer o mesmo, até porque as redes têm inúmeras coisas positivas.
Quero apenas e só que pensem e filtrem nas vossas vidas o melhor que o Mundo tem para vos oferecer. O ódio é claramente um elemento que não nos faz falta. Expulsem-no enquanto puderem. Não precisam dele. E, garanto-vos, serão muito mais felizes, não cedendo aos que, diariamente, poluem o ambiente em que vivemos.
*Crónica de 27 de abril, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.

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