Covid-19 e os refugiados: as comunidades esquecidas

Neste tempo novo, estranho e difícil, raramente se tem falado nas condições difíceis em que vive uma parte da população mundial.

Falo dos refugiados. Da Europa à América, passando pelo Médio Oriente, a maioria, que é como quem diz, milhões de pessoas, entre mulheres, idosos e crianças, vive no fio de uma navalha muito afiada.

Os países de acolhimento, onde vemos os grandes acampamentos, são quase todos marcados por uma condição de pobreza e com a Covid-19 são graves as consequências que a propagação da pandemia provoca nas populações locais.

De acordo com dados da Agência das Nações Unidas para os Refugiados, atualmente no mundo há 71 milhões de pessoas que tiveram de abandonar os seus países de origem. Destes, 26 milhões são refugiados, e metade são menores de 18 anos.

Pese embora o Estatuto do Refugiado esteja reconhecido legalmente em muitos países, são muitos os alertas, sobretudo das ONG's, denunciando a grave situação em que vivem estas pessoas. Vivem em acampamentos sem alimentação digna, onde falta tudo.

Ora, neste contexto de vulnerabilidade, os refugiados enfrentam também a Covid-19, sem garantias nem condições no que toca a medidas de confinamento e distanciamento social.

Os países de acolhimento, onde vemos os grandes acampamentos, são quase todos marcados por uma condição de pobreza e com a Covid-19 são graves as consequências que a propagação da pandemia provoca nas populações locais.

É por tudo isto que é essencial olhar para este problema e o mundo não pode esquecer estas pessoas. A Colômbia tem sido o último país, por exemplo, de onde chegam notícias terríveis, nomeadamente com a crise dos refugiados venezuelanos.

Milhares de refugiados oriundos da Venezuela vivem em acampamentos sobrelotados, abrigos improvisados ou centros de acolhimento onde não têm acesso a serviços de saúde, água potável ou saneamento e onde a escassez de alimentos é uma dura realidade. A situação é semelhante um pouco por toda a Colômbia. Uma parte muito significativa da população vive em bairros com poucas condições de higiene e em casas sobrelotadas, com uma dezena ou mais de familiares, o que propicia uma rápida disseminação do vírus.

Se o mundo continuar a ignorar este problema, um pouco como acontece na Europa, então o futuro na Humanidade estará em causa. Eu, há muito que perdi a fé, porque não encontro nos homens a salvação possível para estas pessoas que merecem unicamente e só uma coisa: dignidade.

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Crónica de 1 de junho, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.

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