Inovação: somos exemplo na UE mas em Portugal ninguém quer saber

Andamos tão preocupados com a Covid-19 e com tanta notícia sem importância que, depois, esquecemos as boas, as que animam a economia, as que deviam servir como ímpeto construtivo.


Na semana passada foi conhecido o ranking 2020 da Comissão Europeia sobre a inovação.

Portugal atingiu a melhor classificação de sempre, sendo agora considerado um país “fortemente inovador”.

Num ano o País alcança o estatuto de 12.º país mais inovador da União Europeia, após ter subido seis lugares face à posição que ocupava em 2019.

Se isto não merece abertura de telejornais e manchetes não sei o que merecerá. Quer dizer, sei, mas não é sobre isso que quero falar.

Num momento em que a economia portuguesa atravessa uma das maiores provações de sempre, são estes pequenos alentos que deviam contar. Para reanimar empresas, trabalhadores, Estado e negócios.

De 2015 até agora, para a Comissão Europeia, Portugal cresceu, e muito, em matéria de inovação, com um aumento da capacidade das empresas, melhorias na Investigação e Desenvolvimento e com as entidades públicas a contribuírem também para este crescimento.

É nas pequenas e médias empresas que este aumento se nota mais, não só na inovação de produtos e processos, como em marketing, qualidade de recursos humanos e organização interna.

Tínhamos todos muito mais a ganhar se déssemos importância a estas notícias, que acalentam, e impulsionam os espíritos mais derrotistas e pessimistas.

Vivemos um tempo dramático, com empresas em agonia e uma perspetiva de desemprego preocupante.

Enquanto país e coletivo, vale a pena olhar para as coisas positivas que nos acontecem. E numa União Europeia também à deriva estamos a mostrar que somos bons quando queremos, que não ficamos no clássico grupo dos países do sul, onde para as grandes potências da Europa, somos sempre vistos como latinos, gastadores e irresponsáveis.

Em matéria de inovação, estamos a ser exemplo. Do qual nos devíamos orgulhar e gritá-lo até perdermos a voz. Mas, enquanto isso, preferimos deter-nos com tricas e não notícias nas aberturas dos telejornais e com miudezas nas manchetes paradas dos quiosques.

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Crónica de 29 de junho, na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.

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