Mário Centeno: um ciclo que está longe de terminar
João Leão sucede a Mário Centeno à frente do Ministério das Finanças
Mário Centeno foi o homem da semana. E foi também a figura forte dos últimos anos nas Finanças do país e no Governo de António Costa.
Confesso que quando Costa o apresentou ao eleitorado como futuro ministro das Finanças, torci o nariz.
O seu estilo desajeitado e meio brincalhão não me inspirou grande confiança, sobretudo num tempo em que era necessário pulso filme na gestão das contas públicas e após um tempo de tormento como foi o da Troika.
Junte-se a isto o facto de Centeno não ter revelado grande dom para a comunicação e o futuro, nesse ano de 2014, parecia-me algo cinzento.
Mas na verdade, e apesar deste início trémulo, Mário Centeno conseguiu provar o contrário. Mostrou não só ser capaz de manter as contas públicas no caminho certo como deu garantias na Europa que podiam confiar nele ao leme do Eurogrupo.
Daí aos elogios de toda a Europa foi um passo. E em Portugal também.
A sua saída no meio de uma crise sanitária e económica grave que já aí está soa a incerteza. E, pese embora, seja verdade que o timing já estaria acertado com António Costa, também não tenho dúvidas que a bofetada de luva branca que Marcelo Rebelo de Sousa deu a Centeno no caso da injeção de capital do Novo Banco, acelerou, e muito, a sua saída.
Se o futuro de Centeno passa pelo Banco de Portugal, só ele o saberá. Eu acredito que sim. E depois da surpresa que ele revelou ser nos últimos anos, acho que a instituição e o país têm tudo a ganhar se Centeno vier a ser o próximo Governador.
Queira ele e queira o país.
*Crónica de 17 de junho, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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