À descoberta de Mértola: a vila que se aconchega nos braços do Guadiana


Regressar a Mértola é, para mim, voltar a um lugar marcante, que nos deixa sempre ávidos de descobertas e redescobertas profundas. A vila alentejana, encravada nas profundezas do Baixo Alentejo e banhada pelo Guadiana, guarda segredos repletos de eternidade.

Texto e Fotos: Ana Clara 

Reconhecida por ter sido uma importante cidade do Império Romano e, posteriormente, uma cidade muçulmana, Mértola é símbolo das heranças islâmicas mais bem preservadas de Portugal, que incluem uma antiga mesquita e edifícios com resquícios da arquitetura muçulmana.

Património

Aqui a história funde-se com a tradição. Recomendamos, por isso, para começar, uma visita ao Museu de Mértola criado pela Câmara Municipal, em 2004, e composto por vários núcleos dispersos geograficamente, na sua maioria localizados no Centro Histórico.

Contam-nos que tem sido a sua função estudar, inventariar, tratar, conservar e divulgar todo o espólio que, ao longo dos últimos 30 anos, foi sendo descoberto nas inúmeras intervenções arqueológicas.

Visitar o espaço implica prosseguir para além dele já que se centra na história de musealização de um vastíssimo património arqueológico e que inclui a passagem por todos os núcleos museológicos: Oficina de Tecelagem, Castelo, Forja do Ferreiro, Arte Islâmica, Arte Sacra, Casa Romana, Basílica Paleocristã.

Sobranceira ao rio Guadiana, a vila de Mértola, oferece ao visitante o encanto do seu casario branco disposto no socalco das ruas adornadas de laranjeiras e iluminadas pela luz intensa do sol.

O povoado circundado pela velha muralha é marcado pela herança cultural de vários povos que aqui se cruzaram e lhe conferem, hoje, o rótulo de vila museu.

As origens de Mértola (Myrtilis romana ou Mirtolah árabe) remontam ao tempo dos fenícios que aqui estabeleceram um importante porto comercial, aproveitado posteriormente por romanos e árabes.

Os testemunhos desta história milenar podem hoje ser contemplados nos diferentes núcleos museológicos e em alguns vestígios monumentais dispersos pela vila,  como já dissemos, mas o mais importante legado da história encontra-se nas pequenas marcas da vida quotidiana e nas memórias de muitos gestos e saberes que perduram até aos dias de hoje. Uma visita ao castelo é também imperdível e imperdoável, se falhar. 


Caminhadas e observação de aves 

Uma outra atividade muito procurada no concelho são as caminhadas. E há muitas, para todos os gostos.

Muitas delas que acompanham o Parque Natural Vale do Guadiana, criado em finais de 1995, abrangendo 69.600 hectares, grande parte no concelho de Mértola.

Muitos optam pelas mais longas, que acompanham o curso do rio entre a queda de água do Pulo do Lobo (que falaremos em breve num texto só a ele dedicado) e a confluência com a ribeira do Vascão (que separa o Alentejo do Algarve).

O Parque foi criado com o objetivo de assegurar a proteção de um património notável, tanto natural, como construído. 

Abrange a zona ribeirinha do Guadiana, com os seus açudes e moinhos, bem como Mértola, a vila-museu. 

O vale do Guadiana apresenta valores naturais únicos: é um importante corredor para as aves migratórias e um importante habitat para grandes rapinas como a águia-imperial-ibérica, a águia-de-Bonelli, o abutre do Egipto ou o bufo-real, para além das cegonhas comuns e das raras e esquivas cegonhas negras. Aqui é possível observar centenas de espécies e apreciar a biodiversidade.

Para os menos atentos, saibam que em Mértola é possível ver também o famoso lince-ibérico, que em 2014, em Mértola, teve um dos pontos altos da sua proteção, com o início do programa de reintrodução do Lince-ibérico em Portugal, com a libertação de vários casais da espécie. 

Sabores e saberes das gentes de um Alentejo que conquista à primeira vista

Falar de Mértola sem falar de gastronomia e sabores à mesa, é imperdoável também. Na vila alentejana não falta tudo aquilo que representa o Baixo Alentejo, desde as migas ao queijo, às ervas aromáticas passando pelo porco preto, acabando nas açordas e nos doces mais calóricos amanhados nos alguidares de barro das gentes da terra.

Deixamos quatro recomendações, que pudemos comprovar, todas elas distintas mas cada uma à sua maneira, representantes maiores da gastronomia alentejana: 

 - Histórico Café Guadiana

Morada: Largo Vasco da Gama, Mértola.

Telefone:286 094 294
E-mail:cafeguadiana.mertola@gmail.com

- Casa Amarela

Estrada dos Celeiros, nº 25, Além Rio; Mértola

Telefone
Tlm: 918 918 777
Email:
espacocasaamarela.mertola@gmail.com

- Alengarve

Morada
Av. Aureliano Mira Fernandes, nº 20 Mértola

Telefone
286 612 210 | Tlm 933 621 425

- Casa de Pasto Tamuje

Morada
Rua Dr. Serrão Martins nº 34/36 7750 Mértola

Telefone
286 611 115 | Tlm 961 159 718 ou 966 271 345.

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