A dramatização do discurso de António Costa e uma mão cheia de nada

Na entrevista ao Expresso deste sábado, o primeiro-ministro avisa que se não houver acordo para a aprovação do OE para 2021 haverá crise política e que, sem entendimento à esquerda, recusará negociar à direita a subsistência do Governo.

 


Não foi só à esquerda que António Costa lançou farpas. A direita também teve lugar a mimos: “No dia em que a sua subsistência depender do PSD, este Governo acabou”.

Costuma dizer-se em política que a silly precisa de sound bites. Se há político, com estrutura de comunicação, esse político é António Costa.

O primeiro-ministro sabe o que aí vem, da crise sanitária à crise económica e social. Só quem anda cá há pouco tempo acharia um problema estes “avisos à navegação”.

O líder do PS quer encostar todos à parede, desde o seu próprio partido – choveram também alertas aos seus ministros -, à esquerda e à direita.

Marcelo, o presidente que perdeu o rumo ao seu mandato com tanta romaria mensal, sabe-o bem, e por isso, vimo-lo a desdramatizar – em tom irónico até – as declarações do seu amigo de São Bento, quando os jornalistas o confrontaram com a entrevista ao Expresso.

Setembro, como diz a estrela do Burgo cor-de-rosa – Cristina Ferreira – é já ali. E agradecemos as parangonas de primeira página ao primeiro-ministro. Ele, como nós, sabe bem que o teste do Outono que aí vem é a sua maior dor de cabeça na Era-Covid.

Se segurar bem a crise sanitária, pode-lhe correr bem, mas a verdade é que Costa sabe que não há governo algum nem primeiros-ministros, sejam eles quais forem, que consigam controlar uma crise sem precedentes como esta.

Siga, o povo sobrevive e respira como pode. A prova de fogo que se avizinha mostrará quem terá braços de ferro.

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