Ângelo Rodrigues: uma história de sobrevivência e uma lição de jornalismo


Este domingo vi o documentário, produzido pela SIC, sobre a história dramática de Ângelo Rodrigues, e que o País inteiro assistiu de forma muito angustiada.

Sou uma portuguesa como tantos, que conhece o Ângelo do seu trabalho como ator. Pessoalmente, do pouco que conheço do seu percurso e dos seus trabalhos como ator, sempre tive uma simpatia por ele. A série Golpe de Sorte, em minha opinião, mostrou ao público o seu real valor.

Adiante. Este post serve apenas para dizer que, o que a SIC nos mostrou ontem, foi um retrato digno, repleto de respeito por alguém que passou a maior provação da sua vida.

O que fez deste um trabalho de serviço público foi, acima de tudo, a vontade do ator em contar, de forma resolvida, e serena, a sua história. E, tudo, o contexto, os factos, a doença, a recuperação, pareceu-me tão honesto, que julgo que nenhuma pessoa, de boa fé, terá coragem de pôr em causa.

O que o Ângelo nos deu foi uma prova de resiliência. Falar de uma intimidade que só a ele pertence, ter a coragem de partilhar com a sociedade, para que não se repita, dar o corpo e a alma de uma maneira tão sincera, não pode estar ao nível de todos.

Nos últimos anos, a doença mental tem sido, felizmente, mais debatida e defendida no espaço público. Porque acredito que são muitos os que sofrem num silêncio atroz, sem esperança e incapazes de pedir ajuda. Provavelmente porque sentem que já não há mais chão para caminhar.

Todos nós devíamos ver e rever este documentário. Porque ele é muitas coisas. Mas, sobretudo, é um ato de amor ao próximo, àqueles que precisam de uma luz, de uma mão e de salvação.

Obrigada, Ângelo, por nos teres dado a lucidez de perceber que somos uma areia tão fina, nesta praia finita que é a vida. E que um dia, quando menos esperamos, é engolida pelo mar.

Que a tua vida seja brilho, luz, sorrisos. Depois do que tu passaste, o futuro, acredito, só pode ser uma nuvem serena de muita felicidade!

Nota final: a SIC deu ontem também uma lição de jornalismo a tanto órgão que por aí anda e que se portou tão mal neste caso. E se me lembro da tão triste cobertura que alguns fizeram deste caso na altura. Provou também que é possível contar uma história, respeitando os seus protagonistas, a sua vontade, a sua intimidade. Parabéns à estação de Carnaxide por isso.

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