Covid-19: com amor (e indecência) a Portugal

Vivemos de novo tempos estranhos. Agora com outra dimensão, diferente daquela que em Março nos apanhou a todos desprevenidos.

Este texto é um obrigado a todos os que, nos hospitais portugueses, cuidam de todos os doentes. Covid e não Covid. Serve para prestar gratidão aos que, até à exaustão, são cuidadores dos nossos, que nas horas mais negras, ficam por lá, em camas, em quartos e alas, correndo contra o tempo. Contando as horas, perdendo até a noção de quantos dias já passaram. Porque o tempo, quando se está doente, e sobretudo, quando se está hospitalizado, ganha outra dimensão. Às vezes boa, outras má.

Este post serve também para dizer que é pena que Portugal, no caso Governo e demais responsáveis políticos, perderam o tal tempo. É claro para mim, hoje, à luz do que todos sabemos diariamente, que, quando em junho se apregoava aos sete ventos, que era preciso preparar o inverno, tal não aconteceu como devia. É por demais evidente que hoje a estratégia de lidar com os novos infectados, que são aos milhares, todos os dias, mudou. E mudou para pior. 

O sistema não aguenta e tem limites. Todos os sabemos. Mas o que também sabemos é que não devia haver limites para a indecência de desvalorizar sintomas, ignorar contactos com o vírus, simplesmente de abandonar muitos portugueses à sua sorte, nas suas casas, reagindo apenas para lhes dizer: "não podem sair de casa, não podem contactar com ninguém, se tiverem agravamento de sintomas, liguem para nós. Ah e não há cá testagem para ninguém". 

Não, senhora ministra, não estamos a testar como devíamos. Não, sr. Primeiro-ministro, não estamos a ser todos irresponsáveis. Não, senhor Presidente, não temos o privilégio de ser testados, com dinheiro público, 3 vezes por semana, como o senhor pode dizer. E não, não há vacina da gripe sazonal para todos os idosos com mais de 65 anos, como houve para si esta semana, num circo digno de reality show. 

É por isso que, entre guerras políticas, porque esta pandemia há muito que se tornou viral nos corredores do poder, muitos vão morrer em vão. E tantos que já perderam a vida por negligência pública, por unicamente o Estado não os salvar quando precisaram de ser resgatados. 

O futuro é agora. A cada minuto que passa. E não é para todos. Porque o destino, esse, neste campeonato viral, há muito que está definido, na resiliência clínica de cada um. Até lá, seguem as distrações do essencial. No final, o saldo deste país será conhecido. Mas aí será tarde para arrependimentos hipócritas.

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