Pedro Nuno Santos: uma faca de dois gumes

As presidenciais, em Portugal, ganham o fôlego possível num tempo em que a segunda vaga da pandemia parece estar já à porta.

 

Já são muitos os candidatos oficiais ainda que o protagonista maior, o atual presidente, continua a gerir o tempo e a ganhar terreno, à boa moda marcelista.

Nos entretantos, as forças internas partidárias começam a vincar posições.

Esta semana uma delas foi Pedro Nuno Santos, que entrou no terreno, em defesa de Ana Gomes e depois de Augusto Santos Silva vir dizer que o PS não deve apoiar a candidata a Belém.

Ambos despiram, de forma atabalhoada e até desconcertante, as suas peles de ministros – e contra a vontade de António Costa que há muito fez saber que não quer ministros a falar de eleições.

Na verdade, Pedro Nuno Santos tem alguma razão quando diz que Ana Gomes não pode servir para umas coisas e quando não interessa, não serve ao PS. A este propósito, diga-se que é lamentável que o PS não tenha ainda dito ao que vai nestas presidenciais. Não apresenta candidato, não diz quem apoia – apesar de já sabermos que Costa abriu o terreno a Marcelo – e não tem uma palavra para Ana Gomes.

Também é certo e sabido que Pedro Nuno Santos ambiciona, há muito, ser secretário-geral do PS, e sabe que conta, internamente, com resistências e entraves de outros posicionamentos internos. Esta necessidade, feroz, de vir defender Ana Gomes a terreiro, é também prova disso.

Seja como for, há uma nuvem negra a pairar na vida política nacional neste momento. A pandemia, como em todas as atividades, tem sido e será muito limitadora da ação política. E decerto que estas eleições serão, seguramente, muito diferentes do que conhecemos.

Como sempre, temo, ainda mais nestas circunstâncias, que a abstenção chegue a níveis ainda mais históricos (pelas piores razões) do que até aqui.

O tempo e os factos o ditarão.

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