Crise Covid: uma economia (e um país) em cuidados intensivos

Chegámos aqui 8 meses depois, com a sensação de paralisação. Este sábado, depois de um longo avivar de memória pelo primeiro-ministro, lá vieram mais medidas, mais regras, mais imposições, que, a meu ver, são apenas cosméticas. Não irão conter drasticamente os contágios, mas também não há muito mais que o Governo (queira) fazer neste momento. E sabemos porquê. 

É preciso perceber onde estamos. Sim, é necessário que todos tenhamos consciência – nem todos ainda a têm – de que isto não é apenas uma gripezinha. Não é mesmo, e os que ainda não o sabem, mais cedo ou mais tarde, vão sabê-lo.

Não vale a pena falar da rutura do SNS, da exaustão dos profissionais, nem sequer do caos em que está mergulhada a economia. Está tudo bem mais do que identificado, e não é preciso socorrermo-nos das opiniões de comentadores que dizem o óbvio, basta consultar a fonte mais credível que temos no país: o Instituto Nacional de Estatística.

Serve este texto para dizer apenas e só uma coisa: se é certo também que não podemos voltar a fechar-nos, se é verdade que temos de manter, a todo o custo, a economia a respirar – porque também essa está, há muito em cuidados intensivos – também é verdade que, neste momento crítico, só a atitude individual fará a diferença.

Deixemo-nos de merdas e cumpramos o nosso papel, à medida das nossas capacidades, dentro das nossas possibilidades. Mesmo sabendo que isso implica estar longe dos nossos – sim, falo das viagens à terra, dos jantares com amigos, das festas de aniversário, dos abraços, dos beijos e dos direitos todos que são nossos por propriedade.

Não há Governo capaz de resolver uma crise como esta sem ajuda de cada cidadão. E temos de optar. Queremos continuar a perder empregos? Queremos continuar a perder pessoas? Vivemos um tempo de privação. Só quem entender isto, percebe que o caminho é estreito, que não há hipótese de facilitar.

António Costa falhou em muita coisa. Marcelo, pior ainda, não esteve, na maioria das situações nesta crise Covid, à altura das suas responsabilidades, pelo contrário, foi um irresponsável muitas vezes. A fatura política é outro campeonato, que a seu tempo, virá. Mas neste momento.

Pese embora saibamos – por conhecimento próprio – a forma como o SNS está a lidar com esta segunda vaga, não há fuga possível. Sabes bem que estão a fazer um rastreio muito perigoso a todos os que hoje ligar para a linha SNS 24, sabemos que há negligência na triagem de sintomas, sabemos que haverá tantos portugueses reféns do sistema, que, por incapacidade ou propositadamente, os deixa abandonados nas suas casas, sem fazer distinção, sem testagem, sem qualquer tipo de acompanhamento. 

Seja como for, cumpramos a nossa parte, sigamos a nossa consciência, ainda que tudo isso contrarie as nossas emoções. Não há forma de sair disto, sem sacrifícios. Quem ainda não o percebeu, não percebeu nada do que nos está a acontecer.

Não entendam isto como um texto de moralidade, longe disso, não sou ninguém para dar lições de civismo a ninguém. Entendam este texto como um grito de desespero, de quem, como vós, também está cansado, fatigado e exausto.

Mas, não seria bom que a tormenta passasse e termos os nossos, sãos e salvos, ao nosso lado? Pensem nisso, e perguntem-se aí, qual o vosso papel nesse objetivo.

Cuidem e cuidem-se!

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