Uma estrela Michelin com sabor a suor
Começo por dizer que sou suspeita: é um dos meus preferidos. Há muitos anos. Gosto primeiro do seu talento, da sua cozinha. E depois gosto da personalidade, dos extremos, das emoções e da razão, do tudo ou nada. Sem merdas. Talvez porque eu seja também um pouco assim. A sua história de vida e sobrevivência é conhecida. Não é por isso que gosto dele. É pelo resto, por aquilo que conquistou. A pulso. Com suor. Sabendo de onde vem, quem é e para onde quer ir.
Nos últimos tempos, prestou-se a uma exposição que mais nenhum se prestou. Igual a ele próprio, ao contrário do que muitos por aí pensam dele. Não precisava. E ao mesmo tempo precisava. Porque a sua voz representa a voz de milhares que, por estes dias, penam às mãos de uma economia em falência. Sou também insuspeita porque Ljubomir Stanisic nao me conhece. Nunca trocamos nenhuma palavra. Estive num evento uma vez, onde eu cumpria o meu papel de jornalista e ele o dele, de chef. Mas esta segunda-feira, 15 de dezembro, chegou o reconhecimento da Estrela Michelin. Merecidissimo. Ainda que ele não precisasse dela para provar rigorosamente nada. O seu trabalho está à vista. E ele continuará lá, como sempre foi. É por isso, que enquanto fã do seu trabalho, também sinto esta estrela como minha. Porque nós, enquanto leitores, espectadores, ouvintes, também somos aqueles que respeitamos e valorizamos.
Parabéns, chef Ljubomir, e que o 100 maneiras perdure, bem como o fio da transparência com que sempre se mostrou a todos nós. Os cães continuarão a ladrar, mas a caravana nunca há-de esmorecer. Quem sabe quem é e de onde vem, não tem espinha que quebre, nem carne que ceda.
Foto: Facebook Ljubomir Stanisic.
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