CDS: ainda há tempo para evitar a morte?

Francisco Rodrigues dos Santos lidera o CDS há um ano. Foi eleito a 26 de janeiro de 2020. Foto: CDS. 

Nunca, como hoje, o CDS correu (tanto) o risco de desaparecer. Depois do ciclo de Assunção Cristas e da coligação de direita dos tempos da Troika, tem sido claro que o rumo parece difícil de encontrar.

A liderança de Francisco Rodrigues dos Santos, assumamos, nunca descolou, sem um rasgo, sem um posicionamento político firme e eficaz.

Uns dirão que parece uma brincadeira de miúdos, a fazer lembrar apenas mais uma liderança de Juventude Centrista. Nunca alinhei por aí. Até porque a renovação dos partidos tradicionais é algo que defendo há muitos anos.

A demissão de Filipe Lobo D’Ávila e de outros que lhe seguiram as pisadas, a juntar aos berros de Adolfo Mesquita Nunes a dizer ao que vem, não ajudaram. E pergunto eu, que foi feito de Mesquita Nunes neste último ano, porquê só agora percebeu que os cacos estavam amontoados há muito?

Tal como Lobo D’Ávila escreveu na carta dirigida ao atual líder, de facto, “a mensagem não passa, as pessoas não ouvem e os indicadores são trágicos”.

Nuno Melo, eterno candidato à liderança, que, desde a saída de Assunção Cristas, sempre considerei ser o dirigente certo para pegar no partido, resolveu nunca o fazer. Por razões que só ele sabe, pessoais, acredito, porque o facto de ser eurodeputado, nunca o invalidou. Acenar para 2022 também não é muito prudente, já que aí, sabemos todos, será tarde demais para um partido que, pela sua história na democracia portuguesa, merecia mais.

Reinvenção, precisa-se!

No meio destes meses penosos, o partido esteve completamente na sombra, com o crescimento da extrema direita e da Iniciativa Liberal a ocupar um espaço próprio e, na minha opinião, a convencer algum eleitorado, tradicionalmente democrata-cristão.

A insignificância no Parlamento, com um grupo parlamentar, longe dos anos de ouro de outros tempos, não ajudou à festa.

E o panorama nas famigeradas sondagens é só o corolário da realidade. A mais recente chega a ser dramática: 0,8% da intenção de voto para as legislativas (Aximage, para o DN/TSF/JN), publicada na semana passada.

Chegados aqui, o futuro é não só negro como incerto. Ou o partido se reinventa e reocupa o seu espaço ideológico com um discurso novo, revigorante e moderno, ou, a morte é certa.

Veremos o que os atuais dirigentes farão e o que os que estão fora – Paulo Portas incluído – farão para ajudar a salvar o Caldas.

O tempo, esse, já nem bom conselheiro será. Esgotou-se. E as legislativas e autárquicas estão à porta num “abrir e fechar de olhos”.

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