Marcelo ressuscitado por Ventura

Marcelo versus Ventura. O debate da direita mais aguardado deixou-me, a mim, um sabor agridoce.

Foi a primeira e única vez que pude ver Marcelo ressuscitado. Este é o candidato que há cinco anos prometia um mandato assertivo, firme e acima dos partidos.

Ventura, no extremo perigoso da ponta, obrigou Marcelo a assumir-se, sem medos, dizendo quem é. O candidato da direita social e não da "direita securitaria e do medo", como ripostou o recandidato do centro direita. 

O que eu lamento é que não foi este Marcelo que eu vi nos últimos cinco anos. O que eu lamento é ver um político inteligente a deixar-se condicionar pelo poder instituído em São Bento. 

Marcelo é o único que garante estabilidade e esse é o seu maior trunfo. A juntar a isso, temos a falta de solidez e força dos seus adversários.

Em democracia, dirão muitos que é saudável a pluralidade de ideias e candidatos. E é. É pena é que não tenhamos, nas últimas décadas, trabalhado na renovação de quadros, de figuras fortes que dessem lugar aos que têm ocupado os destinos deste país.

Chegados aqui, eis que foi preciso André Ventura para mostrar o melhor que temos na corrida e que teima em mostrar o que nunca foi. Marcelo será reeleito, mas Marcelo precisa, de uma vez por todas, provar quem sempre foi enquanto político. E esse político não é o das selfies, não é o do presidente rock star. Esse político foi o que se fez gente nos últimos 40 anos, experiente, inteligente e sério.

Talvez a ausência de pressão num segundo mandato faça milagres. Talvez.

Ainda assim, uma coisa é bem certa: vou gostar de ver Marcelo neste ano difícil a ser Presidente. Temos até junho a Presidência Portuguesa da UE, um caminho incerto na decisiva vacinação do país e uma crise económica e social profunda. As condições são terrivelmente difíceis. Junte-se a isso um inevitável estado de desgraça e cansaço do Governo. Os dados estão lançados. Que venham os protagonistas. 

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