Refugiados climáticos: rezar por eles já não chega!

"Quando as pessoas são obrigadas a migrar porque o ambiente em que vivem não é mais habitável, pode-nos parecer a consequência de um processo natural, algo inevitável. Porém, a deterioração do clima muitas vezes é fruto de decisões erradas e de atividades destrutivas, egoísmo e negligência, que colocam a humanidade em conflito com a criação, nosso lar comum”. 

A frase é do papa Francisco que alerta, de forma muito assertiva, para o drama dos refugiados, mas acrescentando-lhe, e bem, a palavra "climáticos". 

Há muito que sabemos que há dois grandes problemas que ameaçam a Humanidade: o primeiro é a falta de água que vai afetar milhões de pessoas em todo o mundo muito em breve. Aliás, já é uma realidade em muitas regiões do Planeta. O segundo, e que está diretamente relacionado também com a questão da água, é o dos refugiados climáticos. Porque muitos deles encarnam esse (triste) estatuto. 


É nesta base que o Papa considera que o aumento de pessoas deslocadas devido à crise climática está a tornar-se numa das principais emergências da atualidade e pede respostas globais para o problema.


Francisco fez essas considerações no prólogo de um documento publicado esta terça-feira, no qual são dadas as indicações para que a Igreja Católica enfrente o problema dos deslocados climáticos. No documento publicado pela Secção Migrantes e Refugiados, Setor de Ecologia Integral do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé), é feita referência aos ciclones na Beira, em Moçambique, como exemplo da crise provocada por estas alterações climáticas.


Vivemos uma crise humanitária sem precedentes e há muito que o mundo ocidental o sabe. Ignorou-o até hoje. E agora, que se vê a braços com uma pandemia, irá ter sobre a sua cabeça o problema agudizado. 


Porque não podemos ser hipócritas. Quantos milhões de pessoas continuaram, no último ano, a fugir das suas casas, dos seus países, uns perseguidos politicamente, outros de balas e sangue, outros da pobreza extrema. Em que momento é que vimos algum dirigente mundial preocupado com o impacto da Covid nos campos miseráveis de refugiados por essa Europa fora, por essas fronteiras americanas, por essa minha querida África inteira? Não vimos. O Ocidente continua a achar que este não é um problema seu. Mas é. E muito mais do que todos imaginamos. 


Não fazemos a menor ideia do horror que estas pessoas têm vivido. As que sobrevivem, continuam a lutar por um direito que é seu por propriedade. É pena que, por cá, continuemos a ignorar o grito. 


Que o(s) deus(es) os confortem. Porque nós não temos sido capazes.

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